sábado, 18 de agosto de 2018

Bullying de Carvalho

A telenovela Bruno de Carvalho vs Sporting continua. Mais um dia totalmente dedicado a essa tão miserável quanto arrebatadora personagem, dona e senhora de uma habilidade inabalável e insuperável para manipular tudo e todos, com a comunicação social à cabeça. Hoje, o país continua refém dos transtornos emocionais de um reles desordeiro.

Porém, pecadora, me confesso. Nunca tinha visto (eventualmente, também em Donald Trump) um psicopata em acção, ao vivo e a cores, e estou absolutamente fascinada. Com aquele fascínio tremendamente mórbido que qualquer um de nós pode sofrer momentaneamente, mas não menos vergonhoso; pode ser a contemplação, pausada e macabra, de um acidente de automóvel, a esmagadora estupefacção perante a horrível derrocada das míticas Torres Gêmeas, o crepitar assassino e voraz, implacável, das chamas de Pedrogão, ou o bullying grotesco e insano do senhor Bruno de Carvalho.

Bruno de Carvalho deve ser, suponho, um apaixonante caso de psicopatologia. Mas, na verdade, o mérito não é exclusivamente seu. Está assessorado, por um lado – e de forma competentíssima – por jornalistas, televisões, amigos e inimigos, ex-apoiantes e vassalos e, por outro – e de forma perigosíssima! – por advogados cheios de expediente, que manipulam, com elegância e douta maestria, as minudências da lei, ou a ausência dela, e todo o tipo de outros subterfúgios jurídicos e assim-assim. Entre estatutos, notas de culpa, destituições, providências cautelares, tudo e mais alguma coisa que sirva para iludir e ludibriar, sem qualquer intenção de promover a verdade e a legalidade. Não têm vergonha?

Dá-me um certo asco ver como alguma suposta Justiça e alguns dos seus ilustres agentes promovem este circo, absolutamente deplorável, de verdades meias e delírios completos que vão talhando ao sabor dos acontecimentos e dos desvarios de um homem absolutamente alucinado. Não servem a Justiça. Antes, servem-se dela como de uma prostituta, adulada ou proscrita, consoante melhor servir os interesses do cliente.

Bruno de Carvalho está para o Sporting e para os sportinguistas como os maridos violentos estão para as suas vítimas: dominando pelo medo, controlando pela agressão, intimidando pela humilhação, amando com selvajaria, desejando com ódio, até à aniquilação total do objecto da sua doentia cobiça. No fim, lamentar-se-á a morte e todos tentarão fingir que não foram cúmplices, ou porque nunca viram, ou porque, oportunamente, optaram por deixar de ver. O folclore clubístico não deve tirar o sono, a não ser, eventualmente, aos adeptos mais emocionais. O circo mediático com o apoio de alguns advogados “brilhantes” e “prestigiados” na promoção da desordem, do ódio, da intolerância, do insulto fácil e desassombrado devia assustar-nos a todos.

sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Negócio da China? Não, É Mesmo Português

Ah, como é bom fazer negócios com o Estado Português! Qual negócio da China, qual carapuça! Sejamos nacionais ou estrangeiros, o que rende é celebrar (e como!) contratos com as nossas Finanças, a nossa Segurança Social, os nossos Presidentes de Câmara e por aí afora. Do parque automóvel privativo e improvisado da Madona ao prédio de Alfama que Robles adquiriu à Segurança Social a preço de saldo, das chorudas rendas da EDP aos incautos empréstimos concedidos pela CGD a distintos Donos-Disto-Tudo, do BPN ao Novo Banco, somos prodigiosamente beneméritos!

Se dúvidas houver (ainda) no que toca ao altruísmo do Estado Português na gestão dos seus (nossos!) negócios, basta ler a notícia do Público, desta sexta-feira. Vale a pena. Parece que, além de termos vendido ao desbarato o Novo Banco ao Lone Star, depois de termos injectado milhões de euros a tentar salvar o que outros pilharam despudoradamente como ladrões de galinheiro, ainda resolvemos deixar um bónus, não fossem os senhores americanos duvidar da hospitalidade lusa. São 50 milhões de euros em moedas raras, fotografias contemporâneas, pintura, mapas portulanos e livros quinhentistas, escreve a Cristina Ferreira. A jornalista, não a entertainer. Mas também podia ser hilariante, não fosse quase burlesco. Quem é amigo, quem é?

terça-feira, 7 de agosto de 2018

Liberdade e bom senso: abusamos da primeira e falta-nos bastante do segundo

Há cerca de dois anos, em Espanha!, Manuel Ollero Cordero, Eizpea Etxezarraga e Bryan Eduardo Salinas Luna (sim, os nomes são importantes porque tenho muitas dúvidas que estas almas tivessem tido coragem de dizer cara-a-cara o que disseram twitte-a-twitte) comprouveram-se com a iminente morte de um menino de 8 anos. Motivo? O menino, de seu nome Adrián Hinojosa, queria, pasme-se, ser toureiro e, por isso, foi homenageado na praça de touros de Valença o que indignou muita gente. Morreu meses depois. Manuel Ollero Cordero, Eizpea Etxezarraga e Bryan Eduardo Salinas Luna (nunca é demais), entre outros tuiteiros iluminados, civilizados e ilustres, acharam que morrer era bem merecido para quem queria crescer apenas com o desejo de matar um touro na praça. Agora, um juiz espanhol acusou as três sumidades da Twitteratura de crime de ódio. Mas, na opinião de alguns, twittar algo do tipo “Que morra, que morra já. Uma criança doente que quer curar-se para matar herbívoros inocentes e saudáveis que também querem viver. Por favor! Adrián, vais morrer” enquadra-se no direito à liberdade de expressão e, por isso, pedem que sejam retiradas as acusações. 

Entretanto, o ex-ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, Boris Johnson está a ser fervorosamente acusado de islamofobia por dizer considerar absolutamente ridículo alguém andar por aí vestido como caixas de correio, ou como assaltantes de bancos, referindo-se às mulheres que usam burka. Curiosamente, o artigo escrito por Boris Boris Johnson e que inflamou os defensores do tal politicamente correcto tinha como título Denmark has got it wrong. Yes, the burka is oppressive and ridiculous – but that's still no reason to ban it, e vai muito além da ridicularização da dita vestimenta, mas isso não interessa aos espíritos inflamados. Aparentemente, Boris Johnson não tem direito à mesma liberdade de expressão dos que desejam a morte a uma criança que gostaria de vir a ser toureiro e o senhor está a ser pressionado a apresentar as suas mais sinceras desculpas à comunidade islâmica.

Convinha fazermos um esforço para acalmar os delírios. A última vez que estive em Londres com o meu filho, tinha ele pouco mais de 4 anos, ficamos retidos no aeroporto de Heathrow por causa de um balão que o miúdo levava. Contado ninguém acredita. O balão foi levado para averiguações e foi-nos devolvido após uns bons 10 minutos e a confirmação da sua inocência. Mas uma mulher tem o direito de não revelar mais do que uma nesguinha dos olhos, impedindo as forças de segurança, por exemplo, de comprovar a sua identidade. Algo está profundamente errado em tudo isto…

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

O Diabo Veste Quechua

O tempo que perdemos com conversas da treta, em momentos em que se exige elevação, rigor e seriedade, diz muito sobre as “elites” que temos. Nomeadamente, as políticas.

Parece que a senhora vereadora Sofia Vala Rocha, do PSD, se sente enganada por Ricardo Robles. Eu também, mas, pelos vistos, por diferentes motivos. No caso da Dona Sofia, é porque, afinal, o Ricardo veste Quechua…que afronta! Toda a gente sabe que isso é roupa de pobre. Rico que é rico, mesmo que que seja de esquerda – e da dita caviar – deve vestir qualquer coisa mais de acordo com o seu estatuto.

Nos próximos dias, acabaremos a descobrir que a Dona Sofia tem uma participação na simpática marca e, à falta de um prédio em Alfama, resolveu fazer dinheiro recorrendo ao (como não?!)  Twitter para promoção e expansão do negócio. Ou isso, ou a senhora só veste Prada…