A telenovela Bruno de Carvalho vs Sporting
continua. Mais um dia totalmente dedicado a essa tão miserável quanto
arrebatadora personagem, dona e senhora de uma habilidade inabalável e
insuperável para manipular tudo e todos, com a comunicação social à cabeça.
Hoje, o país continua refém dos transtornos emocionais de um reles desordeiro.
Porém, pecadora, me confesso. Nunca tinha visto
(eventualmente, também em Donald Trump) um psicopata em acção, ao vivo e a
cores, e estou absolutamente fascinada. Com aquele fascínio tremendamente
mórbido que qualquer um de nós pode sofrer momentaneamente, mas não menos
vergonhoso; pode ser a contemplação, pausada e macabra, de um acidente de
automóvel, a esmagadora estupefacção perante a horrível derrocada das míticas
Torres Gêmeas, o crepitar assassino e voraz, implacável, das chamas de
Pedrogão, ou o bullying grotesco e insano do senhor Bruno de
Carvalho.
Bruno de Carvalho deve ser, suponho, um apaixonante caso
de psicopatologia. Mas, na verdade, o mérito não é exclusivamente seu. Está
assessorado, por um lado – e de forma competentíssima – por jornalistas,
televisões, amigos e inimigos, ex-apoiantes e vassalos e, por outro – e de
forma perigosíssima! – por advogados cheios de expediente, que manipulam, com
elegância e douta maestria, as minudências da lei, ou a ausência dela, e todo o
tipo de outros subterfúgios jurídicos e assim-assim. Entre estatutos, notas de
culpa, destituições, providências cautelares, tudo e mais alguma coisa que
sirva para iludir e ludibriar, sem qualquer intenção de promover a verdade e a
legalidade. Não têm vergonha?
Dá-me um certo asco ver como alguma suposta Justiça e
alguns dos seus ilustres agentes promovem este circo, absolutamente deplorável,
de verdades meias e delírios completos que vão talhando ao sabor dos acontecimentos
e dos desvarios de um homem absolutamente alucinado. Não servem a Justiça.
Antes, servem-se dela como de uma prostituta, adulada ou proscrita, consoante
melhor servir os interesses do cliente.
Bruno de Carvalho está para o Sporting e para os sportinguistas como os maridos violentos estão para as suas vítimas: dominando pelo medo, controlando pela agressão, intimidando pela humilhação, amando com selvajaria, desejando com ódio, até à aniquilação total do objecto da sua doentia cobiça. No fim, lamentar-se-á a morte e todos tentarão fingir que não foram cúmplices, ou porque nunca viram, ou porque, oportunamente, optaram por deixar de ver. O folclore clubístico não deve tirar o sono, a não ser, eventualmente, aos adeptos mais emocionais. O circo mediático com o apoio de alguns advogados “brilhantes” e “prestigiados” na promoção da desordem, do ódio, da intolerância, do insulto fácil e desassombrado devia assustar-nos a todos.