Há cerca de dois anos, em Espanha!, Manuel Ollero
Cordero, Eizpea Etxezarraga e Bryan Eduardo Salinas Luna (sim, os nomes são
importantes porque tenho muitas dúvidas que estas almas tivessem tido coragem
de dizer cara-a-cara o que disseram twitte-a-twitte) comprouveram-se com a
iminente morte de um menino de 8 anos. Motivo? O menino, de seu nome Adrián
Hinojosa, queria, pasme-se, ser toureiro e, por isso, foi homenageado na praça
de touros de Valença o que indignou muita gente. Morreu meses depois. Manuel
Ollero Cordero, Eizpea Etxezarraga e Bryan Eduardo Salinas Luna (nunca é
demais), entre outros tuiteiros iluminados, civilizados e ilustres, acharam que
morrer era bem merecido para quem queria crescer apenas com o desejo de matar
um touro na praça. Agora, um juiz espanhol acusou as três sumidades da Twitteratura de
crime de ódio. Mas, na opinião de alguns, twittar algo do tipo “Que
morra, que morra já. Uma criança doente que quer curar-se para matar herbívoros
inocentes e saudáveis que também querem viver. Por favor! Adrián, vais morrer” enquadra-se
no direito à liberdade de expressão e, por isso, pedem que sejam retiradas as
acusações.
Entretanto, o ex-ministro britânico dos Negócios
Estrangeiros, Boris Johnson está a ser fervorosamente acusado de islamofobia
por dizer considerar absolutamente ridículo alguém andar
por aí vestido como caixas de correio, ou como assaltantes de
bancos, referindo-se às mulheres que usam burka. Curiosamente, o artigo
escrito por Boris Boris Johnson e que inflamou os defensores do tal
politicamente correcto tinha como título Denmark has got it wrong. Yes,
the burka is oppressive and ridiculous – but that's still no reason to ban it,
e vai muito além da ridicularização da dita vestimenta, mas isso não interessa
aos espíritos inflamados. Aparentemente, Boris Johnson não tem direito à mesma
liberdade de expressão dos que desejam a morte a uma criança que gostaria de
vir a ser toureiro e o senhor está a ser pressionado a apresentar as suas mais
sinceras desculpas à comunidade islâmica.
Convinha fazermos um esforço para acalmar os delírios. A
última vez que estive em Londres com o meu filho, tinha ele pouco mais de 4
anos, ficamos retidos no aeroporto de Heathrow por causa de um balão que o
miúdo levava. Contado ninguém acredita. O balão foi levado para averiguações e
foi-nos devolvido após uns bons 10 minutos e a confirmação da sua inocência.
Mas uma mulher tem o direito de não revelar mais do que uma nesguinha dos
olhos, impedindo as forças de segurança, por exemplo, de comprovar a sua
identidade. Algo está profundamente errado em tudo isto…