quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Quantas vezes nos podemos reconstruir?

Voltei a ler esta notícia hoje, mas já a tinha lido na data da primeira publicação, há três ou quatro dias. Pensei logo em deixar aqui esse registo, mas não fui capaz, não sei porquê. Nem sei porque é que me lembrei disto de acertar datas; creio que a minha mente se entretém em pormenores pateticamente banais quando a realidade me esmaga, uma espécie de entorpecimento curativo para não sucumbir ao choque.



Já então me questionara como é que se faz. Como é que se sobrevive, como é que se recomeça a partir dos escombros onde, um segundo antes, se erguia uma cidade? Onde se vai buscar a capacidade de reagir em vez de nos deixarmos engolir pela negritude do desespero?



Quase três toneladas de nitrato de amónio armazenadas no porto há 6 anos à espera do desastre. As tragédias não são comparáveis. Nunca são comparáveis, mesmo que tenham pontos em comum. Hiroshima, Nagasaki e, agora, numa coincidência macabra de datas, 75 anos depois, Beirute; 15 anos depois de uma outra explosão ter matado o primeiro-ministro Rafik Hariria. Noutro encontro absurdo de datas, os suspeitos do atentado de há 15 anos conheceriam a sentença amanhã.



Albert Einstein assumiu como grande erro a carta enviada ao presidente Roosevelt com a recomendação de que fosse fabricada a bomba atómica, mas Paul Tibbets, nunca perdeu uma noite de sono por causa disso. Do ataque de 6 de Agosto de 1945.

Robert Lewis terá escrito meu deus, o que é que fizemos?, no seu bloco de notas, depois de se ter dado conta da devastação provocada pela bomba conhecida como little boy. Todas as operações de guerra necessitam de um código.