segunda-feira, 10 de março de 2025

Katla

 

E se a terra nos devolvesse os fantasmas que carregamos?

Não sou nada disciplinada a escolher as séries que acabo por ver. Com raríssimas excepções, fujo de tudo o que tenha mais de seis, oito episódios no máximo – por falta de tempo e de paciência –, e desvio-me frequentemente do óbvio. Deve ter sido assim que cheguei a Katla, de Baltasar Kormákur, de quem nunca tinha ouvido falar.

Mikel, o pequeno demónio loiro com cara de anjo, é a personagem mais perturbadora da série, que assenta na lenda islandesa do povo oculto, mas está longe de ser sobre o sobrenatural.


sábado, 8 de março de 2025

sexta-feira, 7 de março de 2025

 

"Vamos votar em Maio? E nos mesmos? Não podíamos extingui-los, tipo, todos, e começar de novo?"

Também me apetece. Extingui-los, tipo, todos. Começar de novo. E não estou tão convencida de que vamos a eleições em Maio; e havendo eleições em Maio, não arrisco dizer que a AD de Montenegro sai derrotada. Em política, sempre houve falta dessa denominada "honestidade intelectual", variando o grau de gravidade e a consequente indignação, não em função da enormidade do acto, mas de quem o pratica. Agora, só se tornou mais descarado; mais aceitável


 




quarta-feira, 5 de março de 2025

terça-feira, 4 de março de 2025

Portanto...


... o problema dos portugueses com a manhosice de Luís Montenegro é a inveja: dos seus rendimentos, da sua capacidade empreendedora e empresarial, sem esquecer as extraordinárias competências técnicas da mulher e filhos. 

Luís Montenegro e os seus acérrimos defensores, batendo no peito como santinhos, exortando a virtude e o drama, querem convencer-nos que é aceitável um primeiro-ministro em funções acumular rendimentos com avenças pagas por clientes privados através de uma empresa que parece servir também para aquelas manobras de engenharia financeira que, não sendo ilegais, servem mal o estribilho da transparência. Não somos todos lorpas, como diria a minha avó.

Não invocar a inveja em vão – se não é mandamento, devia.


domingo, 2 de março de 2025

Os Desenhos de Vitor Hugo

 







Vivo fora do meu tempo… 


sábado, 1 de março de 2025

Rituais de Iniciação

Resisto a comparar Trump e os seus vices a uma matilha de hienas porque até as hienas são mais capazes do que a reputação que as precede. De resto, concordo em parte com um deles: aquele vídeo deve ser visto mais vezes, sim, pelo motivo contrário ao sugerido. Trump é Commander-in-Chief, mas de uma nova máfia, com a vantagem de operar democraticamente.

 

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

 

O professor de Química Orgânica falava da água com amor. Imaginem, dois átomos de hidrogénio, um de oxigénio, juntos, polares, numa geometria angular. Uma molécula aparentemente simples, não é? E nessa simplicidade, um extraordinário fenómeno que molda oceanos, gera vida, desafia a banalidade. Sem a ligação de hidrogénio, delicada e poderosa, não existiriam rios abrindo vales, ou nuvens encaracoladas, gotas de chuva cruzando caminhos sobre o vidro da janela. Padrões singulares sobre a estrutura do gelo, gelo cobrindo a superfície dos lagos, insectos caminhando sobre as águas como Messias. Vêem, como o hidrogénio de uma atrai o oxigénio da outra, esse, o hidrogénio da próxima, uma dança íntima, invisível, e, no entanto, capaz de erguer o mar do seu próprio ventre; aquele vasto mar da Nazaré, implacável como uma sentença, um corpo denso, líquido, inclinado sobre o vazio, invocando o caos quando o céu parece vergar-se sobre o próprio ar, ali, rente ao vértice brumoso da onda. Na iminência do abismo. O mar é conspirativo, na Nazaré.