outradecoisanenhuma
sexta-feira, 19 de dezembro de 2025
quinta-feira, 18 de dezembro de 2025
quarta-feira, 17 de dezembro de 2025
O
mundo que me habituei a habitar converteu-se numa distopia, orgânica, que
observo fora de mim. Dispo a pele que me contém e pairo sobre este ninho de
cucos, de víboras, observando o caos. Deus está morto, não há profeta que nos
redima. Sinto-me enganada porque acreditei que éramos melhores; acreditei que a
liberdade seria sempre um ponto de apoio onde alavancar a Democracia. Mas a liberdade
também pode escolher ressuscitar as suas próprias tragédias; e por despeito,
não apenas por medo, pela miséria ou pela humilhação: por despeito, consciente
do horror. O povo deixou-se enfastiar. A complexidade, a dúvida, a
responsabilidade. O livre pensamento. Enfastiou-se da lucidez. Farto, ruma à
vala comum, salivando sob a sineta do dono, com a voragem dos curiosos ante os
desastres, não para levar ajuda, mas para beber da ruína. Vai vencendo um
cansaço acre, disfarçado de revolta, que encontra prazer em ver arder o que não
compreende e detesta. A democracia é frágil, exige cuidado, tempo, e o tempo morre
no agora. Eu sou apenas recusa.
domingo, 14 de dezembro de 2025
Raquel Soeiro de Brito, 100 anos
O jornalismo também se faz de boas conversas.
"Tenho visto muitas coisas, mas com perigo iminente à minha frente, a uma distância como estou de si, foi só com este vulcão. É como um toureiro diante de um touro, que passa com a capinha e está mesmo nos cornos do touro. É uma sensação absolutamente de fascínio. Estava com a câmara virada e houve uma explosão lindíssima. Espantosa. Com aquela impetuosidade, houve uma quantidade de explosões que duraram quatro horas seguidas. Eu não tirava os olhos. Não podia sair, a ponto de os bombeiros pegarem em mim debaixo dos braços e me levarem."
Salvador Fernandes/Fototeca do CEG-IGOT da Universidade de Lisboa
sábado, 13 de dezembro de 2025
domingo, 7 de dezembro de 2025
quinta-feira, 4 de dezembro de 2025
(Outras) Declarações sem Interesse Nenhum
Gosto
do Natal. O meu Natal é de sorrisos e mimos e colo e abraços demorados, e,
nisso, não é diferente de muitos outros dias do meu ano, e por isso sou grata,
embora não o verbalize com o despudor que merecia. Talvez o meu Natal sirva
esses pequenos excessos: agradecer o tempo que não perco em discussões
familiares sobre, nem em dias inteiros, insanos, de centro comercial, em filas
intermináveis para a compra de presentes estéreis.
Depois,
há um bacalhau cozido, que não é exactamente com todos, mas não dispensa uma
generosa cama de azeite, muito alho picado directamente no prato e um pouco de
pimenta (que eu prefiro preta), manjar que a família herdou da mania do pai do
meu pai, Natal após Natal.
Há
(não é inevitável?) muita saudade, no meu Natal, mas há também, ainda, uma
alegria de miúda que guardo no fundo de mim como o mais precioso dos bens, e é
sempre esse o meu maior desejo para aqueles a quem quero bem, um breve pulsar
de alegria para aguentar a face miserável do mundo.
quarta-feira, 3 de dezembro de 2025
Sete Pecados Mortais
Soberba – Paraíso Perdido, John Milton
Avareza – A Sibila, Agustina
Bessa-Luís
Luxúria – Madame Bovary, Gustave Flaubert
Inveja – Otelo, William Shakespeare
Gula – Os
Buddenbrook, Thomas Mann
Ira – A Ilíada, Homero
Preguiça - Oblómov, Ivan
Gontcharov
...em (permanente) actualização...