outradecoisanenhuma
domingo, 7 de dezembro de 2025
quinta-feira, 4 de dezembro de 2025
(Outras) Declarações sem Interesse Nenhum
Gosto
do Natal. O meu Natal é de sorrisos e mimos e colo e abraços demorados, e,
nisso, não é diferente de muitos outros dias do meu ano, e por isso sou grata,
embora não o verbalize com o despudor que merecia. Talvez o meu Natal sirva
esses pequenos excessos: agradecer o tempo que não perco em discussões
familiares sobre, nem em dias inteiros, insanos, de centro comercial, em filas
intermináveis para a compra de presentes estéreis.
Depois,
há um bacalhau cozido, que não é exactamente com todos, mas não dispensa uma
generosa cama de azeite, muito alho picado directamente no prato e um pouco de
pimenta (que eu prefiro preta), manjar que a família herdou da mania do pai do
meu pai, Natal após Natal.
Há
(não é inevitável?) muita saudade, no meu Natal, mas há também, ainda, uma
alegria de miúda que guardo no fundo de mim como o mais precioso dos bens, e é
sempre esse o meu maior desejo para aqueles a quem quero bem, um breve pulsar
de alegria para aguentar a face miserável do mundo.
quarta-feira, 3 de dezembro de 2025
Sete Pecados Mortais
Soberba – Paraíso Perdido, John Milton
Avareza – A Sibila, Agustina
Bessa-Luís
Luxúria – Madame Bovary, Gustave Flaubert
Inveja – Otelo, William Shakespeare
Gula – Os
Buddenbrook, Thomas Mann
Ira – A Ilíada, Homero
Preguiça - Oblómov, Ivan
Gontcharov
...em (permanente) actualização...
terça-feira, 2 de dezembro de 2025
Doentio...
Onze bombeiros indiciados por violação de um jovem colega sob pretexto de uma praxe.
Dez militares da GNR e um agente da PSP suspeitos de agirem como mercenários, intimidando e agredindo imigrantes explorados e a trabalhar em condições indignas.
O empresário V.M (quem?), que mandava agredir, e se gaba de ter na mão militares da GNR, agentes da PSP e uma procuradora do Ministério Público.
Saem todos em liberdade depois de o Tribunal Central de Instrução Criminal concluir pela "inexistência de indícios dos crimes imputados pelo facto de não ter validado as escutas telefónicas, que não tinham sido transcritas".
segunda-feira, 1 de dezembro de 2025
A primeira vez que vi Guernica ao vivo, o mural ocupando praticamente toda a parede da sala que lhe é dedicada no Museu Rainha Sofía, fiquei atordoada. A própria dimensão do quadro é violenta; magnética. É demasiado. Movemo-nos por dentro daquela devastação, somos outro cinza, outra sombra sobre aquele labirinto de destroços, e nenhuma distância é confortável: torna-se quase físico, como se, por momentos, mais do que observá-lo, o habitássemos na sua brutalidade tridimensional.
Não sei até que ponto Pablo Picasso se sentiria homenageado pela arte de Carlos
Rodríguez no seu Eterno. Gostei muito da primeira parte, e muito pouco
da segunda – essa, supostamente, mais dentro da ousadia de Picasso. Mas a minha
relação com a arte, qualquer forma de arte, é puramente instintiva, animal. Se
me arrasta, se me fere, se me alegra; não sei nada depois disso.
sábado, 29 de novembro de 2025
Já
contei; mais de uma vez. Durmo tão profundamente como se morresse a cada noite. É tão absoluto o
meu sono que há manhãs como a de hoje em que preciso de descolar-me do
colchão, insuflar-me de vida; um balão esvaziado até à última bolsa de ar. Há
uma quase violência nisto, como uma criatura de Frankenstein.
Como de outras vezes, devo tê-la trazido daí, do nada em que repouso.
quarta-feira, 26 de novembro de 2025
"Aedh Wishes for the Cloths of Heaven
Had I the
heavens’ embroidered cloths,
Enwrought with golden and silver light,
The blue and the dim and the dark cloths
Of night and light and the half light,
I would spread the cloths under your feet:
But I, being poor, have only my dreams;
I have spread my dreams under your feet;
Tread softly because you tread on my dreams."
segunda-feira, 24 de novembro de 2025
Novembro
é o meu mês. Seria sempre o meu mês: gosto do fim consumado do Verão, das camisolas
de lã, das luvas, golas tremendas onde aninhar o pescoço. Definitivamente, gosto
de me despir do calor pegajoso de Agosto, que há muito se prolonga por Outubro,
e me deixa sempre doente. Gosto do tempo que posso perder sobre o mar da minha
varanda, sobretudo nestes dias frios, em que é maior o silêncio e a densidade da
noite. É o meu maior luxo, talvez, o tempo que tenho para perder.