Luís
Montenegro é, por estes dias, um homem feliz. Habita-o a certeza de ter jogado
uma cartada de mestre; daí o sorriso escarninho que não o abandona há semanas. Conhece bem as regras não escritas da cultura democrática
portuguesa. Obviamente, não fez nem mais nem menos do que faz qualquer
português – só faltou acrescentar que só não o fazem os portugueses que
não podem (os ingénuos não contam). Se o
PS tivesse visão, como se diz, talvez tivesse escolhido José Luís Carneiro em
vez de Pedro Nuno Santos como Secretário-Geral. Os portugueses prodigamente invocados nas homilias políticas talvez não levem muito a sério as
acusações de leviandade de alguém que traz colado a si o episódio whatsapp na
gestão da TAP. Todos os políticos são iguais, mas há éticas mais estéticas do
que outras. Entretanto, não percebi nada daquilo do Bolhão, porque cheguei
tarde e a más horas e sem paciência para.
Em
Lisboa, levantou-se um protesto em defesa dos jacarandás da 5 de Outubro –
petições de cinquenta mil assinaturas e gente que ameaça amarrar-se às árvores.
É sabido que não gosto de jacarandás. Enjoa-me o cheiro, exaspera-me aquele
rasto pegajoso que vai sobrando sobre a calçada e prefiro o roxo intenso ao
azul-lilás. Não há quadro capaz de me convencer da beleza da coisa. Outra gente
aponta a extravagância de nos erguermos contra o abate de árvores, mas não
contra a justiça que permite a três sacanas prosseguir a actividade influenciadora sendo
suspeitos com provas dadas em tictoks de terem violado uma miúda de dezasseis
anos. Alegadamente. Excepto pela publicação infame, parece que demonstradamente. São novos, não têm cadastro, não estudam, não trabalham e ganham dinheiro
com uma espécie de "esquema Ponzi piramidal que está no limiar do
crime". Não há “Adolescence” que
nos cure disto.