Se o ridículo matasse, Rui Rio não precisava de
desesperar à espera da demissão do senhor Barreiras Duarte. Espanta-me que
alguém que sempre passou, ou tentou passar, uma imagem séria da forma de fazer
política, possa ser amigo pessoal de outro alguém que não tem vergonha de
mentir no seu curriculum apropriando-se, de forma simplória e patética, de um
estatuto que nunca teve. Não diz o ditado “Diz-me com quem andas, dir-te-ei
quem és”? Forjar habilitações académicas não é coisa de somenos e está muito
longe de uma “imprecisão” que já “foi corrigida”. Rui Rio sabe-o muito bem.
Os argumentos de Barreiras Duarte são tão ridículos
quanto o seu pseudo-estatuto de visiting scholar; como ridículas
são as tentativas de justificar o seu entendimento do que é a morada
“relevante” para poder receber ajudas de custo e subsídios de deslocação. A
mania que algumas pessoas têm de nos fazerem de parvos. O senhor, pasme-se!,
até perdeu dinheiro com a confusão da morada. Querem ver que ainda vamos ter de lhe agradecer a generosidade? E o que é, exactamente, ser-se visiting
scholar, numa universidade americana, para alguém estar “convencido” de que
tem esse estatuto sem nunca ter posto os pés na dita? É-se mais “convidado” do
que “investigador” ou pode ser-se coisa nenhuma e deixar à imaginação de cada
um? Ah, os conspiradores e intriguistas do PSD-anti-Rio que só querem é fazer a
folha ou, se calhar, os papers, ao senhor
secretário-geral-de-saída-e-já-vai-tarde…
Mas, não é só a ridiculez de Barreiras Duarte que
espanta. Parece que a mesma professora que tão prontamente classificou de
“forjado” um documento com a sua assinatura, não demorou muito a corrigir a
pena: afinal, a própria assinou o documento, embora este representasse, apenas,
uma inscrição. A ligeireza com que pessoas supostamente responsáveis tratam de
assuntos sérios assusta-me sempre.
E, se no início era o curriculum do senhor Duarte, a
seguir veio a tese. Oh, essa pérola da expressão escrita e não só (por estes
dias, escarrapachadinha na net, com direito a outras tantas piadas e
dissertações, pronta a ser consultada pelos mais corajosos), a quem eruditos
avaliadores atribuíram um prestigiante 18! Prestigiante, mas, pelos vistos, sem
grande rigor pois, apesar da unanimidade, um dos membros do júri da altura
também já veio esclarecer que a nota foi dada "em função da defesa de
dissertação (CV + estudo) mais do que o trabalho apresentado" e que, do
pouco que se recorda, até “queria dar uma nota inferior àquela que ele teve”,
mas, parece que os seus “colegas jurados preferiram dar uma nota superior"
(https://
www.sabado.pt/portugal/politica/detalhe/a-fabulosa-vida-de-estudante-de-barreiras-duarte). Fantástico, não é? Até quase que se percebe que
Barreiras Duarte se sinta um alvo; e a teoria da conspiração sempre inspira
amores e ódios, de igual e intensa violência e paixão.
De modo que, para o “banho de ética” que o Rio Rui quer iniciar é bom que comece a escolher melhor a sua gente. Francamente, já estamos todos um pouco fartos de que nos façam de parvos…com mais ou menos banho.