“A moderação é uma coisa fatal (...).
Nada tem mais sucesso do que o excesso”. De modo que, vários homens e mulheres de sucesso têm,
de quando em vez, os seus genuínos e apopléticos excessos. Os atletas e
desportistas de topo, por exemplo, manifestam, muitas vezes, esses dramáticos
excessos com explosões de personalidade, adrenalina e testosterona, sendo que –
estando a Biologia a aproximar-se do género ciência oculta – a última já há
muito deixou de pertencer exclusivamente ao género masculino.
Desde partir raquetas e insultar árbitros, a pontapear ou
socar adversários e (porque não??) apertar o travão dianteiro da mota de um
outro piloto, em pista e a uma velocidade, assim, parece que, a mais de 200
km/h, vale de tudo porque o mundo da competição não é para meninos. Nem para
meninas. Ou, pelo menos, não é para meninos e meninas bem educados; craque que
é craque deve possuir, e exibir!, a sua boa dose de mau feitio.
Mas, como há castigos mais exemplares do que outros,
porque os excessos também não são todos iguais, Romano Fenati, piloto italiano
de 22 anos, foi suspenso, desclassificado, despedido e perdeu a sua licença de
competição, depois de se ter vingado do colega que também já tinha sido mau para
ele, durante a prova de Moto2 em San Marino. Agora, Fenati vai voltar a estudar
para ver se aprende a arte de como não estragar, de forma estúpida e em poucos
segundos, uma carreira promissora.
Imagino que, como habitualmente, ainda muita água há-de
correr. Afinal, exibições violentas de anti-desportivismo são, como muitos
dizem, a “imagem de marca” de muitos atletas e ainda se vai defender que o
miúdo, coitado, não merece, porque palermas são como os chapéus: há muitos. De
preferência, belos, moderadamente limpos, mas eternamente maus.