sábado, 19 de dezembro de 2020

Há quem escreva um livro numa fotografia. Componha uma valsa, dance um tango, pinte um quadro, cante uma ópera, grite em silêncio. Viva uma vida, intensamente, do primeiro ao último instante. E há quem nos despedace, em palavras escritas. Palavras que doem como punhais e amam com urgência. Que beijam e mordem sem pedir licença. É mais que encantamento, mais que alquimia. Como as nuvens que se desfazem quando o Céu desperta e o Sol se incendeia. Às vezes em fúria, às vezes com sabor a abandono. Colho-as para mim, guardo-as como relíquias. Sem remorso. Mesmo sabendo que não me pertencem.