Há quem escreva um livro numa fotografia. Componha uma valsa, dance um tango, pinte um quadro, cante uma ópera, grite em silêncio. Viva uma vida, intensamente, do primeiro ao último instante. E há quem nos despedace, em palavras escritas. Palavras que doem como punhais e amam com urgência. Que beijam e mordem sem pedir licença. É mais que encantamento, mais que alquimia. Como as nuvens que se desfazem quando o Céu desperta e o Sol se incendeia. Às vezes em fúria, às vezes com sabor a abandono. Colho-as para mim, guardo-as como relíquias. Sem remorso. Mesmo sabendo que não me pertencem.