Quando a tarde se
esgota e o sol desfalece no seu leito de morte, o meu céu ruboresce; tímido, a
princípio, como o primeiro amor. Incandescente, depois, quando o sol mergulha
lentamente no abismo e as nuvens se deixam rasgar em relâmpagos mudos como
os deltas de um rio em chamas, as pregas das caudas tingindo-se de laranjas
cada vez mais densos nesse afogar exuberante e inadiável. Vejo como o laranja
se torna vermelho, e o vermelho escurece o que sobra do azul celeste até à
negritude da noite; como a noite se instala, soberba, até que a nova alvorada a
desfaça em estilhaços de tons violáceos.