sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021


Quando a tarde se esgota e o sol desfalece no seu leito de morte, o meu céu ruboresce; tímido, a princípio, como o primeiro amor. Incandescente, depois, quando o sol mergulha lentamente no abismo e as nuvens se deixam rasgar em relâmpagos mudos como os deltas de um rio em chamas, as pregas das caudas tingindo-se de laranjas cada vez mais densos nesse afogar exuberante e inadiável. Vejo como o laranja se torna vermelho, e o vermelho escurece o que sobra do azul celeste até à negritude da noite; como a noite se instala, soberba, até que a nova alvorada a desfaça em estilhaços de tons violáceos.