quarta-feira, 21 de julho de 2021


Stephen Doyle, The Guardian


O caso é que nunca fora talhada para a virtualidade. Para a virtuosidade, se aí se chega, da existência em pantalha, sem rosto, sem cheiro, sem mácula, sem os olhos nos olhos e o vislumbrar da alma crua que se esconde por detrás. O arrebatamento da palavra escrita não isenta o escritor da ignomínia da farsa. Sucumbir à luxúria da prosa e o prosador não passar de um hábil impostor. Mas, na imensidão de um olhar moram todas as luas, cabem todas as preces. Cabe até a nudez urgente das palavras em bruto e o tempo que não cabe em nenhum outro lugar. É certo que também se escreve com os olhos.