Nada
do que há em ti me inspira compaixão. Não há nada de generoso no meu tempo, se o
que procuro são as palavras que viajam sob a minha pele. Também não sei nada do teu nome
soletrado com a misericórdia dos versos lassos como sermões de Domingo, saboreai
e vede como o Senhor é bom, cânticos de piedosa doçura, o amor obediente aos
caminhos que salvam o corpo e a alma da tentação da desvirtude e do vício. Sei do
cheiro húmido da terra fértil, do latejar urgente e mudo da luz sobre o relâmpago, do tempo quieto, suspenso num instante antes do rouquejar do trovão. O grito
agoirento da gaivota quando o ar anuncia tempestade e, nos ancoradouros, rangem as cordas que arrancam os barcos à fúria das ondas. Sei do belo e do profano,
da embriaguez do Inverno, da ameaça de vertigem quando o teu corpo reclama o
meu.