Também
invejo quem sabe escrever poemas. Espanta-me o assombro capaz de se contrair
num verso. A dor e a carne, a paixão e a saudade. O sobressalto, o
desconhecido. Para não falar de ti, escreveria solenemente sobre novelos de nuvens
em bando ao nascer do dia, e vórtices de luz magenta derramando-se sobre o
mar quieto, liso liso, um imenso lago de mercúrio
enrubescido pelo absurdo impudente das cores da alvorada.