domingo, 17 de outubro de 2021

Também invejo quem sabe escrever poemas. Espanta-me o assombro capaz de se contrair num verso. A dor e a carne, a paixão e a saudade. O sobressalto, o desconhecido. Para não falar de ti, escreveria solenemente sobre novelos de nuvens em bando ao nascer do dia, e vórtices de luz magenta derramando-se sobre o mar quieto, liso liso, um imenso lago de mercúrio enrubescido pelo absurdo impudente das cores da alvorada.