Não
sei se percebi bem a novela à volta do tenista sérvio Djokovic. Daquilo que
ouvi aqui e ali, acho que foi mais ou menos isto:
Na
minha primeira vez, o homem que estava sentado na cadeira ao meu lado tinha a
máscara colocada imediatamente abaixo do nariz. Um rapaz com ar demasiado novo,
enfiado num daqueles fatos espaciais, branco da cabeça aos pés, máscara e luvas
inclusive, avisou o homem da necessidade de colocar a máscara bem colocada. O
homem grunhiu qualquer coisa que não percebi e penso que fosse essa a intenção,
e subiu a máscara o mínimo possível, para voltar a baixá-la assim que o miúdo
se afastou. Veio, então, uma mulher mais velha, num passo seguro de quem conhece
o terreno em que se move, mandou – literalmente – o homem olhá-la de frente e
perguntou-lhe se ele estava a ver como ela tinha a máscara colocada: É assim
que deve colocar a sua, caso contrário, vai ter que esperar lá fora. O
homem já não grunhiu, colocou a máscara a tapar também o nariz e assim ficou, pelo menos até ao momento
em que apareceu o meu número a piscar no écran e saí da sala de espera.
Devo
dizer que começo a sentir mais simpatia pelos chalupas do que pelos deixa-lá-ver-se-isto-passa.
Não sei em qual dos dois encaixa Djokovic. Há aquela questão do privilégio, se
podemos ou não tolerar a diferença na desobediência dependendo de quem a pratica,
mas, neste caso, não creio que exista tanto romantismo: estão lá as falsas
declarações, as posteriores tentativas de explicação e os pedidos de desculpa.
Não há, propriamente, um acto de resistência. É uma pena.
Boris
Johnson também resiste, mas, no caso do ainda primeiro-ministro do Reino Unido
percebe-se, pela assumida dificuldade em distinguir o trabalho do prazer. Dizem
que devia ser assim sempre. Se calhar por falta disso, António Horta-Osório acaba de demitir-se do cargo de presidente do Credit Suisse.
Mas,
estamos em campanha eleitoral e há coisas que nos deveriam interessar mais. Menos
mal que este blogue não é desses.