quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Vinha dizer qualquer coisa sobre os debates. O "killer Ventura" e os (supostamente) moderadores e comentadores. Nomeadamente sobre a estratégia estafada do líder do Chega: driblar para baralhar; desviar – como os mágicos em momentos chave – a atenção do público para o acessório, para que ninguém se detenha no essencial; e como o público continua a pasmar e a maravilhar-se, apesar de o truque ser sempre o mesmo e já ter sido visto dezenas de vezes. Não fui capaz de encontrar um fio condutor e dar corpo a um texto que se lesse, e desisti. Esbarrei neste do João Miguel Tavares sobre o mesmo assunto, e é muito melhor do que aquele que eu tinha pensado. Assim, vou só falar das manhãs mudas de nevoeiro rendilhado como teias de aranha, por onde a luz, escassa, se deixa filtrar em finos fios, uma levíssima e delicada filigrana, etérea, num labor paciente e amoroso, como as fiandeiras fiando o linho, rolando com embalada minúcia o fuso na ponta dos dedos. Não interessa nada na mesma, mas faz-me mais feliz.