quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Pertenço àquele género de gente que raramente (um raramente a ameaçar um nunca, que só não digo ou não escrevo porque nunca e sempre são estados de ser e de estar que se devem, e talvez agora usasse um sempre, evitar) é capaz de recordar o que sonha. Enquanto durmo, pelo menos.

Estou razoavelmente segura de que alguma ciência explicará esta minha incapacidade crónica, mas receio procurá-la. A explicação. Não me apetece correr o risco de descobrir-me menos interessante ainda do que possam pintar-me outros olhares e o meu próprio, e um pequeno pedaço de ilusão (não sei se) nunca fez mal a ninguém.

Não interessa nada.

Certo, certo é que, mesmo sem recordar os sonhos – ou sem sonhá-los de todo –, algum resto de inconsciência deve permanecer vivo; vívido. Deve ser o que explica, por exemplo, por que há músicas que não me largam o dia inteiro, mesmo que já nem recorde a última vez.