segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

Também sou de caminhos vazios. Da saudade imperfeita. Da luz inquieta, modulada em silêncios densos. Sitiados. Sou da lua cheia e da lua em quarto crescente. Do luar em metamorfose. Sou da chuva que chove em gotas graves e cheias, apressadas, e da chuva que chove alinhada e lenta em finos fios de renda. Tracejados. Sou do tempo esgotado que ameaça ruir como castelos de cartas, e do tempo suspenso em labirintos de pó e de letras, na mudez iludente das páginas que não morrem. Sou do tempo que me perde e do tempo que te encontra.