O
que eu percebo (é um eufemismo) de guerra, de estratégia militar, de geopolítica, de tudo e mais
alguma coisa do que se tem falado nestes últimos dias é menos que nada. Vários degraus abaixo de zero. Por
isso, tudo me espanta. Nem sequer sou capaz de sentir medo. Espanto e Desolação. É só. É demasiado. Junto-me, assim, ao coro dessa gente indecente que tem convivido bem com outras
guerras por esse mundo fora, da Sérvia ao Iraque, da Palestina ao Afeganistão,
tão indecente, tão indecente, que nem serei capaz de enumerá-las todas, sem
esquecer a maior simpatia que nutro por um regime democrático, os EUA como a
cabeça do monstro, do que por outros regimes mais amigos da ordem social
manietada. Menos mal que ainda nos sobra gente que nunca perde o rumo, ou o mundo seria um lugar ainda mais terrível.
É espantoso que Kiev resista. Que os ucranianos resistam. Da coragem dos que partem para salvar os filhos, à coragem dos que ficam para salvar o país. E é evidente, até para mim, que não deve ser porque as tropas russas não tenham capacidade para vencer aquela resistência. Também me parece evidente que ninguém – não apenas Vladimir Putin – esperava que o Presidente da Ucrânia (não é a Putin que devemos agradecer, de repente, a união da União Europeia: é a Zelensky) se revelasse um verdadeiro líder, e é muito difícil perceber o dia seguinte. A hora seguinte. Como é que pode Vladimir Putin vir a perder a guerra? Como é que pode vir a ganhá-la? Como pode, a Ucrânia, outra coisa qualquer que não seja capitular?