Bom,
o “Ocidente” também se deixou enredar num equívoco. A catártica união da União
Europeia deu-nos uma falsa sensação de vitória. Acossada por sansões como
nunca se viu, a Rússia de Putin seria obrigada a recuar – é uma potência
militar, mas não uma potência económica, ouvi dizer, várias vezes, a quem
percebe mais disto do que eu, não fosse a impossibilidade evidente de racionalizar sobre o absurdo.
Vladimir
Putin “já perdeu” esta guerra várias vezes, excepto aquela vez que conta e que
parece cada vez mais longe, mais ambígua. Mas há-de vir a ser um mundo melhor, aquele que se
render a Putin e à sua batalha contra a ditadura do Ocidente, esse canto
indecente do mundo onde, todos os dias, as liberdades individuais são
coarctadas e o povo é amordaçado, amaldiçoado e violentado por regimes
democráticos imperfeitos.
Também
se podia tentar uma prova-cega em política. Eliminar os nomes dos partidos, das
nações, a geografia das guerras, o rosto das vítimas e dos carrascos, e testar
a consistência do repúdio, a fronteira desse tal absurdo. A Democracia – regime
a que me importo menos de obedecer, se é de obediência que se trata – não
sairia ilesa, evidentemente, mas sempre gostaria de saber da resistência desse
desapego.
De
resto, não há muito mundo para além do mundo desta guerra. Não há um país, um projecto,
um esboço de ambição. Vai haver eleições no PSD, alguém se lembra de que vai
haver eleições no PSD?