quarta-feira, 25 de maio de 2022

Bom, o “Ocidente” também se deixou enredar num equívoco. A catártica união da União Europeia deu-nos uma falsa sensação de vitória. Acossada por sansões como nunca se viu, a Rússia de Putin seria obrigada a recuar – é uma potência militar, mas não uma potência económica, ouvi dizer, várias vezes, a quem percebe mais disto do que eu, não fosse a impossibilidade evidente de racionalizar sobre o absurdo.

Vladimir Putin “já perdeu” esta guerra várias vezes, excepto aquela vez que conta e que parece cada vez mais longe, mais ambígua. Mas há-de vir a ser um mundo melhor, aquele que se render a Putin e à sua batalha contra a ditadura do Ocidente, esse canto indecente do mundo onde, todos os dias, as liberdades individuais são coarctadas e o povo é amordaçado, amaldiçoado e violentado por regimes democráticos imperfeitos.

Também se podia tentar uma prova-cega em política. Eliminar os nomes dos partidos, das nações, a geografia das guerras, o rosto das vítimas e dos carrascos, e testar a consistência do repúdio, a fronteira desse tal absurdo. A Democracia – regime a que me importo menos de obedecer, se é de obediência que se trata – não sairia ilesa, evidentemente, mas sempre gostaria de saber da resistência desse desapego.

De resto, não há muito mundo para além do mundo desta guerra. Não há um país, um projecto, um esboço de ambição. Vai haver eleições no PSD, alguém se lembra de que vai haver eleições no PSD?