sábado, 16 de julho de 2022

Educação, quem sabe se Cidadania



Ken Robinson morreu há cerca de dois anos. Não fazia ideia. Nunca li nada dele, e acho que é uma falha grave.

Vale mesmo a pena ver e ouvir. É intemporal. Até por quem não quer saber nada de educação. O receio de errar, a estigmatização do erro, o papel da escola e um modelo de ensino obsoleto num mundo em revolução acelerada – uma discussão interessante, necessária, urgente. “Os miúdos arriscam. Se não sabem, tentam; não receiam estar errados. Se não estivermos preparados para errar, nunca conseguiremos nada de original. Quando chegam a adultos, a maior parte das crianças já perdeu essa capacidade.”

Agradar-me-ia a ideia de substituir aulas de Cidadania, por exemplo, por aulas de Dança, ou Teatro, ou Pintura. Escrita Criativa, fala-se tanto (e ensina-se e cobra-se) de escrita criativa. Digo "aulas de Cidadania" porque sou das Ciências, não estou preparada para mudanças mais radicais, padeço, suponho, desse mal que denuncia Robinson, com sobriedade e muito humor simultaneamente (a história da peça de Natal é deliciosa), a importância desmesurada (às vezes arrogante, reconheço) das Ciências no ensino. E quem sabe se não se teria evitado aquela paródia entre a birra dos famosos pais de Famalicão e a “solução” mirabolante apontada pelo Ministério Público. Só é cómico, e não trágico, porque  como não se sabe ainda mas já se adivinha – os miúdos vão acabar por acabar um doutoramento ao fim de sucessivas "progressões condicionadas", e, com sorte, cairá tudo num esquecimento benigno para quase todas as partes. Felizmente, não tem havido mais pais daqueles; parece haver pouca gente disponível para repetir o embuste à custa da instrumentalização dos filhos.

O resto da actualidade ainda não me apetece.