segunda-feira, 19 de setembro de 2022

“Does it matter? Do I bother?”



Voltei ao cinema para ver “Moonage Daydream”, o documentário que não é bem um documentário, com David Bowie no princípio, no meio e no fim, nas linhas, nas entrelinhas, no visível e no invisível. David Bowie para quem gosta de David Bowie e para quem não gosta de David Bowie. É fabuloso seja qual for o ângulo. Um caleidoscópio de sons e imagens, de vida e de morte, do tempo e da arte. Obviamente camaleónico. É absurdamente bom e, não, não pode ser visto noutra sala que não numa sala de cinema. Demorei a decidir-me. Outra vez. A pandemia – não sei se ainda se pode dizer – tornou-me mais avessa ainda a espaços fechados com muita gente e, no caso dos cinemas, secou irremediavelmente a minha pouca paciência para todo aquele aparato quase sinistro e ritualista das pipocas e afins, incluindo os donos das pipocas independentemente da idade e do género. Estive quase quase a levar máscara, mas, escolhi a última sessão, fui espreitar os lugares ocupados antes de comprar os bilhetes e imediatamente antes de sair de casa, e, no total, éramos três cadeiras ocupadas: acabei por refrear a paranóia. Acabámos por ser cinco numa sala com mais de 400 lugares – o que também não deixa de ser espantoso –; e ninguém comeu pipocas.