Fui rever a história de Judite, de quem o Papa Francisco gosta por ser "uma mulher inteira”, “capaz de cortar a cabeça ao inimigo”. Maria, a Virgem, vem em segundo lugar. Fica com Maria, mas já é tarde. Não admira que lhe chamem herege.
Ocorrem-me dois ou três sítios para onde me sentiria tentada a enviar em missão uma Judite.
Se me perguntassem
agora mesmo com quem gostaria de jantar hoje à noite? responderia com
o Papa Francisco, e não é pela Judite nem pela Virgem Maria. É apenas por Francisco
– ou Bergoglio, nunca sei onde acaba um e começa outro – ser um conversador
apaixonado e apaixonante, magnético, desconcertante.
Nada disto abona a favor da minha coerência – essa virtude tão exaltada pela gente prenhe de lisura, que nunca erra nunca prega nunca aponta –, deixar-me deslumbrar assim pelo representante máximo da Igreja Católica Apostólica Romana. Há anos que nada me liga à Igreja; passei a vê-la como um organismo obscuro, hipócrita, mais do que qualquer outra coisa, e enoja-me tudo o que se sabe e o que se desconfia sobre os criminosos abusos sexuais sobre as crianças à sua guarda. Se existir esse Inferno bíblico, desejo que esses homens de Deus lá apodreçam, os criminosos e os cúmplices, pela acção ou omissão, numa putrefacção eterna perpétua infinita, sem redenção nem misericórdia, não sem antes padecerem agonias idênticas nesta vida pela justiça da Lei.