Mantenho desde passado Março uma aposta (mais ou menos) com uma amiga brasileira: ela garante-me que Bolsonaro sairá democraticamente pelo seu pé se perder as próximas eleições no Brasil, e eu garanto que não, que Bolsonaro ensaiará o seu 6 de Janeiro, com consequências talvez mais trágicas. E ela, a minha amiga, que eu sei que há-de apoiar Bolsonaro pelo menos até ao acto de votar (embora ela nunca chegue a assumi-lo frontalmente – coisa a que, evidentemente, não está obrigada), pergunta-me que faria eu se me visse confrontada com a decisão de escolher entre José Sócrates e André Ventura. Não é muito fácil, de facto, embora eu veja Sócrates como mais patife que Lula e Ventura como menos cretino que Bolsonaro. Além de que os brasileiros têm outros candidatos à Presidência do Brasil; talvez entre um corrupto como dizem ser Lula, um energúmeno como eu digo ser Bolsonaro, e outra criatura qualquer, outra criatura qualquer não fosse pior opção.
Não
sei quase nada das outras criaturas que se candidatam. Ainda arrisco um “então
e o Ciro Gomes?”, mas devo ter dito uma besteira de todo o tamanho,
porque a minha amiga ficou roxa, “outro corrupto?”, vociferou, e se calhar
também é, sei lá eu.
Claro
que, tudo isto, foi antes do dia de ontem. Anteontem, este texto ficou pendente.
Bolsonaro não é "Trump sem a escolaridade obrigatória", como gracejou, uma vez, Pedro Mexia: ao lado do presidente “imbrochável”, vocábulo magnífico, Trump começa a parecer um tipo quase decente. Ver Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República Portuguesa, acompanhar, sorridente, aquele circo é bastante penoso. Havia mesmo necessidade?