Creio que nunca como hoje Portugal me pareceu um país tão falido. Nem sei bem como olhar para aquela reportagem do Expresso – são retratos de miséria a vários tons. Deve ser real e dramático o aumento do número de bens alimentares básicos roubados nos supermercados porque é preciso qualquer coisa mais que coragem para expor prateleiras onde as garrafas de azeite são protegidas como fino whisky e as latas de atum são guardadas em caixas de acrílico anti-roubo.
E, aquele parágrafo, ainda o tenho às voltas no estômago.
Os números da
Pordata sobre a pobreza em Portugal são esmagadores: sem apoios sociais, mais
de quatro milhões de pessoas são pobres ou têm rendimentos abaixo do limiar da
pobreza. No mesmo país da “querida tecnológica” de Paddy Cosgrave, do paraíso
fiscal para reformados ricos e muito estrangeiros, mesmo que a nossa
nacionalidade se venda como a ginjinha do Rossio onde, por agora, vivem ao
relento um sem número de timorenses atraídos por promessas de trabalho escravo, enquanto se pensam estratégias para atrair
nómadas digitais e se ensaiam modelos para a semana de quatro dias de trabalho.