Na semana pré-covid bateram-me no carro. Pela segunda vez na mesma rotunda. Dizem que não sabemos fazer rotundas e é verdade, não sabemos fazer rotundas.
Da
primeira vez, o outro condutor não quis assumir a culpa, e as seguradoras
engendraram um plano para partilhar custos e, portanto, culpas, sabe como é,
uma deve quinhentos a outra deve quinhentos, nas palavras do perito
para me “explicar”, o suposto entendimento entre ambas as companhias: como?, não,
não sei como é, alguma vez, o meu cadastro para lá de impecável manchado por um palerma
que não sabe fazer rotundas – tive de recorrer a um daqueles julgados de paz, não sei se ainda existem, para fazer valer a minha razão.
Desta
vez, o outro condutor era uma mulher prática: peço imensa desculpa vinha
distraída tenho aqui uma declaração amigável se não se importa despachamos isto
que tenho um compromisso inadiável e a culpa, evidentemente, é minha. Ainda
me enviou uma mensagem duas horas antes da minha companhia de seguros a informar-me
que, sim, o seguro dela assumiria o arranjo a cem por cento, e, se nos
voltarmos a encontrar, que sejam circunstâncias mais simpáticas. Com emoji e
tudo. Fiquei chocada, uma mulher prática não usa emojis. Ou usa? Estou a pensar que ainda lhe telefono para marcar um café. Nos dias que
correm, não convém desperdiçar gente decente; até lhe perdoo o emoji.