segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Na semana pré-covid bateram-me no carro. Pela segunda vez na mesma rotunda. Dizem que não sabemos fazer rotundas e é verdade, não sabemos fazer rotundas.

Da primeira vez, o outro condutor não quis assumir a culpa, e as seguradoras engendraram um plano para partilhar custos e, portanto, culpas, sabe como é, uma deve quinhentos a outra deve quinhentos, nas palavras do perito para me “explicar”, o suposto entendimento entre ambas as companhias: como?, não, não sei como é, alguma vez, o meu cadastro para lá de impecável manchado por um palerma que não sabe fazer rotundas – tive de recorrer a um daqueles julgados de paz, não sei se ainda existem, para fazer valer a minha razão.

Desta vez, o outro condutor era uma mulher prática: peço imensa desculpa vinha distraída tenho aqui uma declaração amigável se não se importa despachamos isto que tenho um compromisso inadiável e a culpa, evidentemente, é minha. Ainda me enviou uma mensagem duas horas antes da minha companhia de seguros a informar-me que, sim, o seguro dela assumiria o arranjo a cem por cento, e, se nos voltarmos a encontrar, que sejam circunstâncias mais simpáticas. Com emoji e tudo. Fiquei chocada, uma mulher prática não usa emojis. Ou usa? Estou a pensar que ainda lhe telefono para marcar um café. Nos dias que correm, não convém desperdiçar gente decente; até lhe perdoo o emoji.