Sobre
o ombro do meu filho, o menino, curioso, espreita-lhe o livro aberto sobre o
colo, páginas cheias de letras corridas como formigas num carreiro,
incompreensíveis ainda para os seus minúsculos três anos: “ih, tantas palavras…”,
num assombro quase confessional, baixo e sigiloso, uma pequena revelação.
Que idade é essa, em que perdemos a capacidade de nos maravilharmos com as coisas simples?