Também
tenho qualquer coisa a dizer sobre “Rabo de Peixe” na Netflix: não passei do
segundo episódio.
É
possível que seja defeito meu, mas acabei por me perder no meio de tanto
vernáculo, e não foi por pudor, foi mesmo por fastio. Praguejar é uma arte.
Requer saber e talento ao alcance de poucos e vai muito além de um guião corrido
a palavrões a cada três sílabas. A excentricidade do acontecimento nesse distante Junho de 2001, tão
surreal que encaixa com ironia apurada naquela categoria em que a realidade é capaz de superar a ficção, torna bastante difícil, suponho, compor e dar forma a uma narrativa empolgante que
não se esgote logo ali, num carregamento de meia tonelada ou mais de cocaína
que deu à costa numa praia dos Açores, junto a uma pequena vila de pescadores onde nunca
se passa(va) nada – really?, diria o narrador na sua voz cavernosa. Todo o exagero depois disso é consonante e assumido, bem sei, mas não me convenceu. Mea culpa.