O
país mudou, o mundo mudou, tanto e tão vertiginosamente, que é sensato
escolher a ruína a que nos entregamos. Podemos seguir as “polémicas” caseiras –
ninguém, do primeiro ao quarto poder, parece minimamente preocupado com o
estado de coisas que não sejam as suas, comezinhas –, discussões circulares,
miseravelmente estéreis, como o cão que tenta apanhar a própria cauda, do
logotipo esdrúxulo (logotipo é esdrúxulo?), ao “embuste” do IRS e de um
jornalismo sensacionalista, ávido de escândalos de alcova: é claro que Luís
Montenegro e Miranda Sarmento foram intencionalmente vagos e omissos, como é claro que quem
assinou aquela notícia do Expresso, mais o seu director João Vieira Pereira,
foram, no mínimo, de uma ingenuidade amadora e confrangedora – aquela “nota do director” é
risível.
Entretanto, Passo Coelho, barítono, unívoco, imolou o ministro do irrevogável. Com que intenção ninguém sabe. Uma pequena vingança. O recato acabou com estrondo e promete. Dá uma boa teoria da conspiração: Passos Coelho – quem sabe, umas dessas forças vivas que prometeu o colo a André Ventura – apostado em minar o terreno por onde se move a AD de Luís Montenegro, e o país em eleições lá para Novembro.
Há
um mundo a ruir. Não sobreviverá a Novembro. Donald Trump, ganhe ou não as
próximas eleições nos EUA, é o epicentro do terramoto, e não há pontos nem portos seguros. Ainda me espanta; tanto quanto a impossibilidade de os Democratas
encontrarem outro candidato a presidente. Parece que Joe Biden é o melhor, diz quem
percebe do assunto. Quem não percebe, não acredita. Mas não importa: ainda que
Biden volte a vencer, a América perecerá, e, com ela, o nosso mundo.
Acordaram a Besta, alimentaram-na. Donald Trump não vai aceitar outra derrota.
O infame 6 de Janeiro parecerá um passeio no parque. E se Donald Trump ganhar?
Como será um segundo mandato de Trump?
Israel
promete responder ao ataque do Irão. Retaliação sobre retaliação. Outra boa
teoria da conspiração. Israel vinha a enfrentar duras críticas sobre a forma
como vem dizimando o povo palestiniano em resposta ao hediondo ataque do
Hamas. O ataque do Irão, como resposta ao ataque de Israel à embaixada iraniana
em Damasco – é nisto que andamos, jogos de guerra em directo –, reconciliou os aliados
de Israel com o horror que grassa na faixa de Gaza. Tenho sentimentos
contraditórios sobre tudo isto.
E
já pouco se fala sobre a miséria da Ucrânia. Donald Trump entregá-la-á de bandeja
a Vladimir Putin, se ganhar as eleições nos EUA.
Consola-me pensar que, se tudo correr menos mal, pelo menos, viverei tempo suficiente para ver morrer alguns destes homens maus.