Antes
da tormenta Trump vs Biden, que me tomou parte da última noite, houve trovões e
relâmpagos. Deltas de luz azul estilhaçando o negrume da noite, e cornetas de
fim de mundo – um prenúncio de apocalipse. Sou capaz de jurar que tive
pesadelos, ainda que nunca me lembre.
Acabo
de ouvir, pela enésima vez, Germano Almeida afirmar que Joe Biden é o melhor
candidato para defrontar e derrotar Trump, em Novembro próximo. Não sei se se
faz comentário político no domínio da fé, mas estou disposta a aceitar qualquer
argumento que elimine Donald Trump do caminho da presidência dos EUA.
Apesar dos pesares, é impossível não admirar a coragem de Joe Biden. Não é fácil fazer frente àquele bulldozer; e, mesmo assim, depois daquele desastre, Biden foi à Carolina do Norte assumir-se na sua fragilidade contra aquele narcisista inchado e birrento, protofascista, ao lado de quem até Éric Zemmour no seu "La France n’a pas dit son dernier mot" (que eu comprei e li, porque sou doida) parece atendível. Menos mal, que os franceses têm Marine Le Pen – e Jordan Bardella, de quem nunca tinha ouvido falar, e, só isso, deve ser bom –, a relatividade aplicada à ciência política em tempos de cólera, sim, e desespero também: antes da América, implodirá a França?
O
Mal tem muitas faces e Donald Trump é uma delas. Não são as mentiras
extravagantes, a megalomania imberbe, o atropelo dos mínimos de decência; é aquela
permanente avidez de vingança, o fermentar da raiva que larva na sombra do pior
que há em cada um de nós.
Adenda: "Os sinos dobram por nós", Clara Ferreira Alves