Não são, claro que não são. Acho que nem há amendoeiras, aqui onde estou. Só aquelas, que o pôr-do-sol finge, tinge, à minha janela, quando lhe apetece.
O edifício onde tive o meu escritório nos últimos dezassete anos foi vendido; para ser reinventado. Escritórios na mesma, mas àqueles preços estratosféricos, que talvez se vendesse um rim. Maravilhoso mundo liberal.
Saí em Junho, como quase toda a gente. Tive vontade de chorar, o que raramente me permito, e foi o caso: não resolve nada, não é?, e o que possa trazer de alívio nem sempre compensa. Mas, às vezes, o Universo conspira a meu favor. Queria muito ficar na mesma avenida e (man)ter uma janela – pelo menos uma – que, como as anteriores, vestisse de gala os meus entardeceres. É esta. De onde vejo amendoeiras de luz nas tardes de Inverno.