Nem
é pela história em si. A adolescência é aquele lugar de vertigem. A descoberta,
a imprudência, a ousadia. O tempo tem outra dimensão. As amizades são pactos de
sangue, refúgios contra a incompreensão dos adultos; os amores são intensos, e
a rejeição pode ser devastadora. Não sei se há uma fórmula para evitar a
tragédia. São pequenas tentativas, absurdas, às vezes, mas, estar presente e estar atento talvez
sejam as mais eficazes. Foi o que tentei sempre, com alguma impertinência à mistura,
como proibir o telemóvel e o computador no quarto à noite durante alguns
daqueles anos (acabou de cumprir 18), ou portas fechadas à chave por dentro;
enfim, a inglória ilusão de mandar.
Nem
é pela história, dizia; é por todo o resto, e, principalmente, pela actuação de Owen Cooper,
na pele de Jamie Miller, o tal
adolescente de treze anos acusado de esfaquear uma colega de escola. Quatro
episódios fantásticos (talvez menos o segundo), e sou capaz de ter deixado de
respirar no primeiro e no terceiro.