segunda-feira, 17 de março de 2025

Adolescência

 



Nem é pela história em si. A adolescência é aquele lugar de vertigem. A descoberta, a imprudência, a ousadia. O tempo tem outra dimensão. As amizades são pactos de sangue, refúgios contra a incompreensão dos adultos; os amores são intensos, e a rejeição pode ser devastadora. Não sei se há uma fórmula para evitar a tragédia. São pequenas tentativas, absurdas, às vezes, mas, estar presente e estar atento talvez sejam as mais eficazes. Foi o que tentei sempre, com alguma impertinência à mistura, como proibir o telemóvel e o computador no quarto à noite durante alguns daqueles anos (acabou de cumprir 18), ou portas fechadas à chave por dentro; enfim, a inglória ilusão de mandar.

Nem é pela história, dizia; é por todo o resto, e, principalmente, pela actuação de Owen Cooper, na pele de Jamie Miller, o tal adolescente de treze anos acusado de esfaquear uma colega de escola. Quatro episódios fantásticos (talvez menos o segundo), e sou capaz de ter deixado de respirar no primeiro e no terceiro.