Aceitar a desilusão é aprender a dançar com as sombras suspensas na luz. Reconhecer que nem tudo permanece para lá da memória, que alguns encontros existem para durar o tempo exacto, e que deixar partir é mais uma forma de amor do que de ruptura. Como o mar que recua, deixando gravados na areia vestígios do que foi. A desilusão não é o oposto da sabedoria, mas a sua matriz primordial. Só a condescendência é insuportável. Só a condescendência me é insuportável. A vida é isto também, uma despedida contínua. Guardo o silêncio que fica, um toque de veludo, e que nunca temo porque me sustém.