sábado, 11 de outubro de 2025

Amante devota (aprendiz, desastrada) da língua portuguesa, e, nela, da palavra escrita, há momentos em que a própria palavra me é ruído. Admito. Talvez leias o meu pensamento, não sei; às vezes, creio que sim. Ou não serei eu, apenas me revejo e, imaginando-me, encontro-me.

Abri um magnífico tinto do meu Douro. Celebrar. Vou acreditar que há realmente um plano de paz em marcha, capaz de estancar a orgia de sangue na faixa de Gaza e de normalizar a discussão sobre o "direito à defesa" de Israel. O que pode haver de condenável? E celebro também o Nobel de María Corina Machado. Ouço detractá-la, que é amiga de Abascal e admiradora de Trump; mas, entretanto, resiste, recusa, enfrenta o déspota Nicolás Maduro. Sempre me pareceu absurdo considerar a possibilidade de distinguir como agente da paz um homem como Donald Trump, capaz de incendiar o próprio país em nome da glória pessoal, messiânica, a política como uma horda de fanáticos subjugados a um deus menor. Uma seita. Mas, que sei eu? Movo-me entre muros de papel, sob uma lei esgotada.