Amante
devota (aprendiz, desastrada) da língua portuguesa, e, nela, da palavra escrita, há momentos em que a
própria palavra me é ruído. Admito.
Abri
um magnífico tinto do meu Douro. Celebrar. Vou acreditar que há realmente um plano de paz em
marcha, capaz de estancar a orgia de sangue na faixa de Gaza e
de normalizar a discussão sobre o "direito à defesa" de Israel. O que
pode haver de condenável? E celebro também o Nobel de María Corina Machado. Ouço detractá-la, que é amiga de Abascal e
admiradora de Trump; mas, entretanto, resiste, recusa, enfrenta o déspota Nicolás Maduro. Sempre me pareceu absurdo considerar a possibilidade de
distinguir como agente da paz um homem como Donald Trump, capaz de incendiar o
próprio país em nome da glória pessoal, messiânica, a política como uma horda
de fanáticos subjugados a um deus menor. Uma seita. Mas, que sei eu? Movo-me
entre muros de papel, sob uma lei esgotada.