É
tarde, e conduzo eu. À esquerda, há muitos anos a primeira vez, mas não
esqueci. À esquerda, onde o corpo hesita antes da memória.
Ao meu lado dormes um sono tranquilo. Um corpo imóvel é uma forma de paz. Um álibi. O meu corpo vibra. Está desperto, alerta. Um desvio ligeiro antes da curva perfeita; do javali cor da noite, uma linha a tracejado na contramão do abismo recto. O ruído baixo do motor. Gosto. O vulto negro da montanha mesmo antes da dissolução sob o veio de luz macilenta.
A estrada é um animal dócil se a olharmos
de frente.