quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

(Outras) Declarações sem Interesse Nenhum

 

Gosto do Natal. O meu Natal é de sorrisos e mimos e colo e abraços demorados, e, nisso, não é diferente de muitos outros dias do meu ano, e por isso sou grata, embora não o verbalize com o despudor que merecia. Talvez o meu Natal sirva esses pequenos excessos: agradecer o tempo que não perco em discussões familiares sobre, nem em dias inteiros, insanos, de centro comercial, em filas intermináveis para a compra de presentes estéreis.

Depois, há um bacalhau cozido, que não é exactamente com todos, mas não dispensa uma generosa cama de azeite, muito alho picado directamente no prato e um pouco de pimenta (que eu prefiro preta), manjar que a família herdou da mania do pai do meu pai, Natal após Natal.

Há (não é inevitável?) muita saudade, no meu Natal, mas há também, ainda, uma alegria de miúda que guardo no fundo de mim como o mais precioso dos bens, e é sempre esse o meu maior desejo para aqueles a quem quero bem, um breve pulsar de alegria para aguentar a face miserável do mundo.