Nicolás Maduro transformou a Venezuela num palco de
guerra civil. As imagens de violência, de destruição, de total caos nas ruas de
Caracas são desoladoras.
Embriagado pelo poder a qualquer custo, Nicolás Maduro
criou, a ferro e fogo, todas as condições para submeter um país inteiro aos
seus caprichos, não olhando a meios para alcançar o poder absoluto, encabeçando
uma gigantesca farsa cujo repúdio quase providencial se materializou na ironia
simbólica do não reconhecimento do seu “Cartão da Pátria” pelo sistema
electrónico: “A pessoa não existe ou o cartão foi anulado”, devolveu seca e
implacavelmente a máquina quando Maduro se preparava para dar, em directo, mais
uma lição ao mundo. Não surpreenderá, assim, que ele fale numa participação de
mais de 40% e a oposição nos meros 12 %...
A sucessão de mortes, nomeadamente, dentro de elementos
da oposição mostra a determinação sanguinária do ditador, porque de um ditador
se trata, com tudo o que um ditador tem de mais negro. Hugo Chávez não deixava
de o ser, também, mas Maduro não tem o carisma do seu antecessor. Chávez tinha
a simpatia do povo e a fidelidade do “seu” exército. Quanto tempo durará o
apoio do exército a esta espécie de usurpação?
Nicolás Maduro esmaga o seu povo sem dó nem piedade,
enquanto fala numa “luta pela paz”. Qual paz? Que paz pode ser alcançada
eliminando, como moscas, todos quantos se lhe opõem, oprimindo violentamente
quem dele discorda, empurrando para a miséria os seus semelhantes, obrigando
crianças a vasculhar no lixo numa procura desesperada de algo com que matar a
fome?
Muitos alegam que a oposição nunca reconheceu
verdadeiramente a legitimidade de Hugo Chávez para comandar os destinos da
Venezuela e, portanto, não querem reconhecer a “legitimidade” de Maduro para
continuar a governar o país. Até pode ser verdade. Mas o desfilar de horrores a
que temos vindo a assistir deveria ser suficiente para duvidar das verdadeiras
intenções por trás da urgência de Maduro na sua “Constituyente”.
Às sansões impostas pelos Estados Unidos, nomeadamente, o congelamento de todos os bens de Nicolás Maduro sob sua jurisdição e a proibição a todos os cidadãos ou entidades norte-americanas de negociar com o presidente venezuelano, Maduro responde que não tem medo de nada. Nem de Deus, tem medo! A Deus, apenas ama. Ama tanto, imagino, como se ama a si mesmo, ébrio que está com o poder absoluto que se prepara para abraçar num delírio selvagem e sangrento que não deixará pedra sobre pedra.