terça-feira, 1 de agosto de 2017

Venezuela a ferro e fogo.

Nicolás Maduro transformou a Venezuela num palco de guerra civil. As imagens de violência, de destruição, de total caos nas ruas de Caracas são desoladoras.

Embriagado pelo poder a qualquer custo, Nicolás Maduro criou, a ferro e fogo, todas as condições para submeter um país inteiro aos seus caprichos, não olhando a meios para alcançar o poder absoluto, encabeçando uma gigantesca farsa cujo repúdio quase providencial se materializou na ironia simbólica do não reconhecimento do seu “Cartão da Pátria” pelo sistema electrónico: “A pessoa não existe ou o cartão foi anulado”, devolveu seca e implacavelmente a máquina quando Maduro se preparava para dar, em directo, mais uma lição ao mundo. Não surpreenderá, assim, que ele fale numa participação de mais de 40% e a oposição nos meros 12 %...

A sucessão de mortes, nomeadamente, dentro de elementos da oposição mostra a determinação sanguinária do ditador, porque de um ditador se trata, com tudo o que um ditador tem de mais negro. Hugo Chávez não deixava de o ser, também, mas Maduro não tem o carisma do seu antecessor. Chávez tinha a simpatia do povo e a fidelidade do “seu” exército. Quanto tempo durará o apoio do exército a esta espécie de usurpação?

Nicolás Maduro esmaga o seu povo sem dó nem piedade, enquanto fala numa “luta pela paz”. Qual paz? Que paz pode ser alcançada eliminando, como moscas, todos quantos se lhe opõem, oprimindo violentamente quem dele discorda, empurrando para a miséria os seus semelhantes, obrigando crianças a vasculhar no lixo numa procura desesperada de algo com que matar a fome?

Muitos alegam que a oposição nunca reconheceu verdadeiramente a legitimidade de Hugo Chávez para comandar os destinos da Venezuela e, portanto, não querem reconhecer a “legitimidade” de Maduro para continuar a governar o país. Até pode ser verdade. Mas o desfilar de horrores a que temos vindo a assistir deveria ser suficiente para duvidar das verdadeiras intenções por trás da urgência de Maduro na sua “Constituyente”.

Às sansões impostas pelos Estados Unidos, nomeadamente, o congelamento de todos os bens de Nicolás Maduro sob sua jurisdição e a proibição a todos os cidadãos ou entidades norte-americanas de negociar com o presidente venezuelano, Maduro responde que não tem medo de nada. Nem de Deus, tem medo! A Deus, apenas ama. Ama tanto, imagino, como se ama a si mesmo, ébrio que está com o poder absoluto que se prepara para abraçar num delírio selvagem e sangrento que não deixará pedra sobre pedra.