As férias que a Constança não teve, a varinha mágica que
o António não tem e a resiliência que as populações devem passar a ter, que
isto de estar à espera que seja a Estado, na forma da sua (Des!)Protecção Civil
a cuidar do povo, é coisa que já não se usa: o que se impõe é ser proactivo!
Há acontecimentos que envergonham uma nação dita
civilizada, como há posições e posturas que muito dizem sobre a capacidade e a
preparação das pessoas para ocuparem cargos de responsabilidade. A incompetência,
frequentemente, tem custos. E, quando esses custos são vidas humanas, enoja
ouvir falar certas pessoas. Quando essas pessoas são directamente responsáveis,
senão pelas mortes, pela total falta de competência para evitá-las ou
minimizá-las, devemos ter medo. Quando, para lá da incompetência, se entretêm
com discursos da treta, como se fossemos todos uma plateia de idiotas acéfalos,
devemos ter vegonha! Todos!
Na Galiza, milhares de pessoas saíram às ruas,
manifestando-se contra a vaga de incêndios que, ontem, matou 4 pessoas. Em
Portugal, morrerem mais de 100, ao que tudo indica, por sórdida incúria, e
ninguém assume qualquer responsabilidade porque o governo não tem uma “solução
mágica” para o problema dos fogos! Terá alguma, ainda que não mágica?
Entretanto, Constança Urbano de Sousa, que tem o poder de
retórica de uma criança chorona em sendo contrariada, mantém-se de pedra a cal
a fazer nada, a não ser lamuriar-se. Quatro meses depois de 65 pessoas terem
perdido a vida de forma terrível, estúpida, num cenário dantesco e inimaginável
num país europeu, o que fez a senhora ministra, além de não ir de férias? Que
medidas tomou, tão ocupada andava, para evitar que o fogo, esse demónio voraz e
inclemente, voltasse a matar?
António Costa, com muito mais eloquência e manha e,
portanto, com muito menos vergonha, veio falar ao país. Para repetir ad nauseam
que a tragédia vai continuar, habituem-se!, que isto demora décadas a resolver.
Pelo caminho, deixemos de pedir, infantilmente, a cabeça da senhora ministra,
coitada, que não é altura de demissões! Acabemos com a “obsessão” de que falhou
alguma coisa! Não falhou coisa nenhuma! Ou talvez tenham falhado as “próprias
comunidades” que têm que ser mais “proactivas” e “resilientes”…
Até quando vamos continuar a permitir a ignomínia? Se é para nos continuarem a enxovalhar e a desonrar as nossas vítimas e os nossos mortos, porque não se calam?