Na opinião – não sei se cínica, não sei se sábia – de um meu amigo só há dois tipos de políticos: os corruptos que ainda vão fazendo qualquer coisa pelos outros (extra-amigos-e-família, entenda-se…) e os corruptos que só fazem em prol…da sua prole. Ambos os casos, incluem fazer sempre muito por si próprios, evidentemente.
O caso (mais um!) recente da duplicação de abonos por deslocações é só mais uma obscenidade assim-assim. Nem será bem corrupção, não é? É só uma espécie de esquema. Inofensivo. O povo já nem nota. Só encolhe os ombros e, lá está, rende-se à evidência do são todos iguais. Ainda há quem se escandalize com a devoção a Isaltino, esse que também é Morais e presidente da câmara de Oeiras.
No entretanto, um deputado do BE, desses janotas das duplicações, apresentou a demissão e um pedido de desculpa por ter recibo reembolsos de viagens que não efectuou. Após “reflexão”, chegou à conclusão que “foi uma prática incorrecta”. Talvez a inspiração tenha vindo mais da “prática” se ter tornado do domínio público do que, propriamente, da “reflexão”, mas o povo também diz vale mais tarde do que nunca.
Só me apraz dizer, ou melhor, perguntar mais uma coisa.
Onde é que eu me posso inscrever para receber um subsídio ou uma duplicaçãozita
deste género? É que pertenço àquela classe de trabalhadores independentes
otários, que passa recibos, paga segurança social e que quando não trabalha não
recebe honorários. Para cúmulo da estupidez, gosto de gozar de alguns dias de
férias com a minha família e, como está bem de ver, não tenho subsídios mesmo
dos mais básicos. Mas, isso não impede a autoridade tributária de me enviar as
notificaçõezinhas para os meus pagamentos por conta, o aluguer do escritório
tem de continuar a ser pago e o raio da Segurança Social também não perdoa…