Todos
gostávamos de ter um amigo como Santos Silva! Esse fantástico e altruísta
empresário bem-sucedido, homem “de posses”, pronto a abrir os cordões à bolsa
ainda o amigo vai no primeiro “olha…ah…”!
Acompanhar
as reportagens da SIC acerca da Operação Marquês tem sido uma espécie de
tragicomédia, cá em casa. Alterou-nos a rotina dos últimos dois dias,
coagindo-nos, inclusive, a descurar a sagrada hora de dormir do nosso filho. Mea
culpa! Mas, até a ele, as justificações tresloucadas de Sócrates para a
desmesurada e despropositada ajuda financeira do amigo Silva têm arrancado
gargalhadas! É que não é preciso mais, de facto, do que a inteligência e
perspicácia médias de uma criança de 11 anos, para perceber que, na vida real,
não há amigos assim. Na vida real, não há “amigos” a quem possamos pedir para
nos pagarem luxuosas contas correntes ao ritmo de um
não-queres-passar-cá-um-bocadinho-e-trazer-aquilo-que-sabes-que-eu-gosto. Para
um homem com “dificuldades económicas”, Sócrates tem, ou teve, um nível de vida
de fazer inveja a muita classe média-alta por esse país fora.
As
explicações, ora embrulhadas, ora exaltadas, do ex-primeiro-ministro são de um
descaramento formidável. O “Zezito” quer convencer-nos a todos que o Silva,
simplesmente por desinteressada amizade e pura preocupação com o bem-estar
alheio, não só estava sempre disponível para lhe emprestar qualquer quantia de
dinheiro, como ainda se dispunha a acatar sugestões sobre investimentos
vários, desde a compra de propriedades a obras de remodelação de exclusivos
apartamentos parisienses! Mais ainda, a excelsa amizade permitia que essas sugestões
chegassem via uma irritada ex-mulher do primeiro, sem que a esposa do segundo
tivesse qualquer opinião sobre o assunto; eram “investimentos” do marido.
O mais assustador é que Sócrates e os seus dois magníficos advogados aparentam ter razão num ponto: não há provas-provas- dessas para lá da convicção sensata- que sustentem que, efectivamente, a famosa conta 006 seja dele e não do abnegado Carlos Santos Silva. O desassombrado trio Sócrates-Delille-Araújo socorre-se da falta de “fundamento em factos e em provas” para acusar todos os que não estão com o nosso ex-primeiro de estarem contra ele. Enquanto isso, num genial e irónico golpe de mestre, José Sócrates lá vai acusando de “manha” (diz o roto ao nú!) os procuradores, com muitos e eloquentes “oh, pá” à mistura em discursos mirabolantes que são um verdadeiro insulto à inteligência e paciência dos demais. Mas, não se enganem!, não há nada de mais perigoso e temível do que um animal feroz ferido…