Não sei se os políticos são todos iguais, mas que parecem, lá isso, parecem.
Mas, nós, portugueses, também parecemos ter exactamente os políticos que
merecemos. Lembremo-nos, sempre!, quem é o actual presidente da câmara de
Oeiras e quem é que o elegeu. Recordemos Fátima Felgueiras. Deixemos assentar a
poeira e, quiçá, José Sócrates ainda é capaz de chegar a Presidente desta bela
República. Nunca fiando…
Indignamo-nos com as cores dos cadernos para meninos e
meninas, vociferamos contra anúncios anti-tabaco machistas e de gosto duvidoso,
mas convivemos mais ou menos bem com viagens pagas a deputados e duplicação de
subsídios ou ajudas de custo. Condenamos os pais que dão falsas moradas para
inscrever os filhos nas melhores escolas públicas, mas encolhemos os ombros
quando os nossos deputados alteram as suas próprias moradas de forma a amealhar
mais umas dezenazitas de euros mensais (até nisso somos pobres…). Revoltamo-nos
contra os professores, esse bando de indolentes e incompetentes, mas pouco nos
importa o vergonhoso nível de absentismo e a gritante ignorância de alguns dos
nossos representes no Parlamento.
Num país de bem, quem foge à justiça, quem deve ao fisco,
quem não cumpre os mais básicos deveres de cidadania não pode, legalmente, com
a maior arrogância e impunidade, candidatar-se a cargos políticos. E quem
exerce cargos políticos, pagos com os impostos dos que trabalham e não vivem
dos favores do Estado, não pode escudar-se em contorcionismos linguísticos e
pseudointelectuais, para justificar o que, podendo não ser ilegal, é,
seguramente, imoral e antiético. Como é que justificava, Carlos César, o seu
alegado direito à duplicação de pagamento das suas viagens de e para os Açores?
Ah, não é duplicação… A magia das palavras! E- obviamente, não comparando o que
não é comparável- não vem mal ao mundo (pelo menos, a Portugal) se um
primeiro-ministro vive à custa de um grande e rico amigo. São só invejas e
maledicências grosseiras, de quem também quer, mas não pode.
A verdade é que ninguém parece ter muita vontade ou
coragem para mexer nas mordomias estabelecidas. O povo é pouco exigente e só
tem pena de não conhecer ninguém numa câmara, numa junta de freguesia, numa
associação, enfim, num qualquer organismozito que não esteja já lotado de
primos, tios, esposas, esposos, filhos e filhas, noras, genros, ascendentes e
descendentes e demais in laws. Lá diz o ditado, cão que ladra não morde e, digo
eu, quem beneficiar de um tachinho jeitoso não estrebucha, não é?
Dificilmente se pode produzir uma sociedade mais justa, mais rica e mais digna cultivando ou tolerando a incompetência, o compadrio e a corrupção, em vez de premiar e estimar valores como o mérito, o trabalho capaz, a justiça social, o respeito pelas pessoas e pelas instituições e pelas leis que devem reger um Estado democrático e de direito. Ou isso, ou ficaremos cada vez mais à mercê de lunáticos demagogos e populistas ao estilo Donald Trump e seus aprendizes…mas isso não parece preocupar muita gente.