"Há uma força motriz mais
poderosa que o vapor, a electricidade e a energia atómica: a vontade." É uma das minhas frases preferidas. Se dúvidas
houvesse quanto à convicção de Albert Einstein, bastava ter estado com os olhos
postos nestas treze crianças tailandesas e no seu treinador, nestes últimos
dias. E, também, naqueles que se disponibilizaram a ajudá-los.
Contra (quase) todas as expectativas, todos os peritos,
todas as opiniões fundamentadas na técnica e na experiência e muitos outros
eteceteras, um grupo de pessoas fantásticas protagonizou uma história que tem
tanto de assustadora como de electrizante. Porque os “milagres” fazem-se,
precisamente, da vontade de todos aqueles que se envolvem de corpo e alma nas
tarefas a que se propõem. "Algo só é impossível até que alguém duvide e
prove o contrário", terá dito, também, o génio.
Não sei se os meninos e o seu treinador aprenderam ou não
a mergulhar, se saíram em macas, se terão sido ou não sedados ou outro tanto de
coisas que se disseram nos meios de comunicação social. Mas sei que todos os
especialistas, entre psicólogos, mergulhadores e outros técnicos competentes,
chamados a dar os seus profissionais pareceres, foram unânimes nas enormes
dúvidas em relação ao sucesso desta operação. Esqueceram-se dessa tremenda
vontade que molda a alma dos que acreditam e se alimentam desse querer.
Tal como outras vezes, a realidade superou a ficção, mas,
desta vez, na forma de um final admiravelmente feliz.
Ao milagre do resgate, some-se a tremenda onda de
solidariedade dos que se juntaram para apoiar as equipas de resgate, os
jornalistas e as famílias dos meninos. Numa história feita de coragem,
resiliência, persistência, competência e perseverança, a mulher do presidente
da câmara de Mae Sai – que é presidente da Cruz Vermelha local – mostrou o que
é o verdadeiro serviço público: fez uma “vaquinha” com os elementos da sua
equipa e, com dinheiro pessoal, compraram os primeiros mantimentos e começaram
a preparar as primeiras refeições. Antes de estar tudo mais organizado. Qualquer
semelhança com a realidade de alguns é pura coincidência. Mas, também, tudo
nesta história é maravilhosamente inacreditável.
Seguramente, os sorrisos e a alegria das crianças e das suas famílias estarão também com aquele outro herói que perdeu a vida para ajudar a salvar as suas.