quinta-feira, 13 de julho de 2017

Fantastic Guy!

Assistir à tomada de posse de Donal Trump, nomeadamente, ao discurso (se é que se lhe pode chamar assim) do homem, teve em mim, o mesmo efeito que assistir à queda das torres gémeas, em Setembro de 2001: olhava, incrédula, para o ecrã à espera que alguém me acordasse do pesadelo ou que, à custa de tanto ver e rever as imagens, acabasse por digerir a imensidão da tragédia. Agora, como antes, continuo a fazer um esforço por racionalizar os factos e, sobretudo, os motivos que levaram uma nação, como os Estados Unidos, a eleger como seu(?) presidente um homem como Donald Trump.

À era da pós-verdade, seja lá o que isso for, Donal Trump e a sua corja vieram juntar os “factos alternativos”, esse fantástico e inacreditável eufemismo para a “mentira repetida mil vezes” que se torna “verdade”, lembram-se? Pois.

Para Donald Trump e seus aliados, a verdade pouco importa, a realidade não existe. Ambas podem ser adaptadas a cada momento, ponto final!  “If the facts don't fit the theory, change the facts.”Ou, simplesmente, press delete, o que eu disse ontem, foi ontem, hoje é um novo dia! Não vivemos nada na “Alemanha Nazi” e os tipos da CIA são fantastic guys. Isso e o milhão e meio de pessoas que encheram a Avenida Pensilvânia, na maior audiência da história da tomada de posse de um presidente americano, ah, isso é que foi! E, não interessa nada, mas também não choveu, só choviscou e foi já depois de o presidente se ter retirado. Os que não concordarem com isto serão despedidos, so help me God!

Donald Trump encarna, na sua loucura megalomaníaca, o salvador do Mundo. Convictamente. Ele vai acabar com todo o mal à face da Terra, seja o ISIS-barra-Daesh-barra-Estado Islâmico, seja a droga, seja a “carnificina” que alastra pela América, seja, simplesmente, todos os não estão com ele, porque, se não estão com ele, estão contra ele. E ninguém está contra Donald Trump! Ele é O homem, Ele vai fazer a America great again! E Deus olha pelos americanos, fala com eles através de Trump, que fará da América uma espécie de reino de Deus ao vivo e a cores. Só não se dança porque depois do “My Way” já se percebeu que O homem não tem jeito para aquilo. Ponto final!