quarta-feira, 17 de junho de 2020

Sobre coisa nenhuma

Se é de guerra que se trata, precisamos de impor um cessar-fogo. Urgentemente. Resgatar o pouco que resta, se resta ainda, da seriedade necessária para tratar das feridas expostas a diário e em contínuo, um cardápio voraz forjado sobre os despojos dos nossos ressentimentos. Há quem fale de ajuste de contas com a História, ou, da História a fazer-se, afinal, desde que o mundo é mundo e há gente para o contar ou para lhe julgar as rugas como marcas e marcos do tempo que passa. Dizem-na cíclica, à História, e que nada ou quase nada do que padece agora é realmente novo. Podemos voltar atrás no tempo e encontrar sempre algum paralelismo com o fogo que por ora a consome. A diferença é que, agora, o inferno é em directo. Com direito a repetições saturadas e saturantes, à margem de qualquer esforço de entendimento, tu és polícia, tu és ladrão, até não sobrar dúvida alguma, porque já ninguém ousa dispor do tempo necessário para conjurá-la.