…que, por acaso, vi em directo, na SIC
Notícias, e que tem feito algumas linhas.
Não tenho uma opinião totalmente formada sobre as vantagens e desvantagens da taxa única de IRS, eventualmente, de 15%, como propõe a Iniciativa Liberal. Não foi isso que retirei do tal “debate”. É que parece já ser difícil debater o que quer que seja com alguém com quem não estamos de acordo.
Dois pontos, para início, a favor de Cotrim Figueiredo. A calma e a elegância no
trato são qualidades que, à partida, ainda aprecio o suficiente, mesmo que me
fique apenas por aí no apreço.
Não gostei nada de ouvir José Gusmão
exaltar a “mentira” do “vão todos pagar menos”, quando a “mentira” reside,
afinal, no facto de, em virtude da proposta da IL, não passarem a pagar menos IRS os que já actualmente pagam…zero. Certo, o vídeo promocional poderia ter
feito referência a isso – todos, não é bem todos; são só todos os que,
efectivamente, pagam IRS. Foi só por isto, o alarido?
Os mais ricos vão ter “borlas” fiscais,
agitadas um par de vezes na argumentação de Gusmão. Cada vez tenho menos
paciência para a linguagem rasteira nos espaços dedicados a coisas sérias, para
discutir entre pessoas igualmente sérias. Começo a passar da impaciência à
náusea. Chega-se ao fim e percebe-se que, quem fala assim, não está nada
interessado em discutir coisa nenhuma. O debate está morto ainda antes das
câmaras começarem a gravar. Assim, não vamos a lado nenhum, mas o objectivo é mesmo esse.
Como já disse, não sei bem se uma taxa
única de IRS é mais vantajosa do que uma taxa progressiva que aparenta, pelo
menos, ser mais justa em termos sociais. Mas, numa coisa, concordo com Cotrim Figueiredo: o problema não será tanto Portugal "ter ricos a mais", "é ter pobres a mais". E
o facto de os mais ricos poderem a vir pagar menos impostos, não me choca
particularmente, desde que, mais uma vez, esses impostos sejam sérios e justos.
Para isso, há muito a fazer a nível da tal corrupção instalada, que não se pode
dizer que está instalada porque é populismo (isto, isto, isto, etc, etc, etc, são só umas quantas, poucas, maçãs podres, nada que outros não tenham, não é alarme nenhum), e a nível do combate à evasão fiscal,
nomeadamente, travestida de negócios bem embalados em linguagem jurídico-financeira,
de preferência em inglês, e despachados para harmoniosos entre os seus pares
paraísos fiscais: offshore, off the record, off de tudo o
que permita esclarecer tudo o que seja importante esclarecer; of course.