quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Alianças e Ameaças (não necessariamente por esta ordem e não mutuamente exclusivas)

Se Trump sair vencedor destas eleições, vou chorar. Se for Biden o vencedor, vou chorar na mesma. Só preciso de um rastilho que me permita reconciliar-me comigo mesma. Ainda não sei bem o que a pandemia e o confinamento fizeram de mim, mas pertenço àquele grupo de gente (seca e desagradecida, seguramente) a quem o Universo não deu qualquer sinal. Não descobri talentos adormecidos, não aprendi a fazer pão, não vi unicórnios nem ouvi chamamentos da Natureza e não tive uma epifania nem nada que se lhe assemelhasse. Não fui sequer capaz de bater palmas à janela, mas, neste caso, nem sei bem por que não me terei deixado levar pelo momento: continuo convencida de que a ilusão de que assistíamos ao tal milagre português ficou a dever-se mais à dedicação e capacidade de trabalho e sacrifício de muitos desses profissionais "da linha da frente" - que não passou apenas, é verdade, pelos profissionais de saúde - do que por uma gestão competente do pandemónio em que fomos metidos. Mas era essa, a da saúde, a frente mais visível, na altura e, sim, houve palmas merecidas. 

Enquanto a América continua a contar votos contra a vontade de Trump (antes de sair de casa, ouvi alguém dizer que Trump é como aqueles rufias espertalhaços - rufias espertalhaços sou eu que digo - que querem terminar a partida ao intervalo, desde que, nesse momento, estejam a ganhar), parece que o CHEGA está em conversações com vista a uma solução de governação nos Açores. Li, muito por alto, que o CHEGA-Açores quer, mas o Ventura não deixa, o que não deixa de ser uma coisa extraordinária. Eu preocupada com a América e o caos aqui tão perto.