Sobreviver num campo de reeducação para Uighurs, na China.
"Os nossos corpos
exaustos moveram-se pelo espaço em uníssono, para frente e para trás, de lado a
lado, de canto a canto. Quando o soldado gritou "À
vontade!" em mandarim, o nosso regimento de prisioneiros
congelou. Ordenou-nos que ficássemos paradas. Isso poderia durar meia
hora, como uma hora inteira ou até mais. Quando acontecia, as nossas pernas
começavam a formigar com alfinetes e agulhas. Os nossos corpos, ainda quentes e
inquietos, lutavam para não balancear sob calor húmido. Podíamos sentir o nosso
próprio hálito fétido. Ofegávamos como gado. Às vezes, uma de nós
desmaiava. Se não voltasse a si, um dos guardas colocá-la-ia de pé, esbofeteando-a
para que acordasse. Se desmaiasse de novo, arrastá-la-ia para fora da sala
e nunca mais a veríamos. Sempre. No início, isso chocou-me, mas agora
estava acostumada. Acostumamo-nos a qualquer a qualquer coisa,
até mesmo ao terror."
Vinha aqui reclamar sobre qualquer coisa que, entretanto, esqueci.