Não vou perder muito
tempo com os debates presidenciais. A política começa a ser um lugar demasiado mal
frequentado.
Tinha, no entanto,
interesse em ver alguns desses debates. O que aconteceu ontem entre o candidato
João Ferreira e o pantomineiro André Ventura, não foi um debate, como eu já
desconfiava, mas ultrapassou as minhas piores expectativas.
Não sei quem é a jornalista,
ou moderadora, ou ambas as coisas, que aparecia ali no meio. A primeira vez que
a vi foi a não moderar uma outra discussão quente (e a quente) – falava-se da matança
na Herdade da Torre Bela e, nessa altura, o protagonista foi André Silva. Tal
como André Ventura ontem, André Silva, embora gritando com mais classe,
rapidamente percebeu que podia monopolizar à vontade a conversa que não havia
ninguém para o mandar calar. Para tornar tudo mais caricato, um Miguel Sousa
Tavares via Skype ou semelhante, trocou-lhe o apelido, Andrés há muitos, espalhafatosos
também, e se dúvidas houvesse de que a coisa corria lindamente ao líder do PAN,
era só ver-lhe a carinha de gozo.
De modo que, quando
vi a senhora lá no meio, ontem, no tal debate, imaginei o pior. Estava
enganada. Foi muito pior do que o pior que eu havia imaginado. Inacreditável. O que se
passou ontem, apesar de assentar na melhor estratégia trumpista (mais do que populista
ou demagógica) – falar precipitadamente, falar por cima, interromper constantemente, mandar
umas bocas, o toca-e-foge clássico dos cretinos – juntou o inútil ao desagradável, apanhou o terreno fértil para
a chafurdice: um candidato fácil de atacar por vários motivos e uma jornalista incapaz
de moderar uma birra de recreio que fosse. Que só não foi isso, porque foi
pior. O porco saiu divertidíssimo.
André Ventura tem a coragem dos cobardes, de modo que, não será tão arrojado frente a outros adversários. Creio eu, mas, nunca fiando. Aparentemente, a estratégia vai colhendo adeptos. Deixou de ser importante divergir, argumentar, contestar. O que anima as bases é a discussão de balneário. Não faltará muito para o cuspir no chão...
Sobra a parte positiva da coisa, ainda assim: alterei a agenda, mais ou menos, e não repetirei o intento.