“Para mim, um homem
bom é aquele que, vivendo no mundo real, não perde a compaixão, a caridade, a
lealdade e a dignidade. Isto requer uma explicação. O homem que acredita que o
mundo é um lugar bom e que somos todos irmãos é um imbecil. Não é bom, é um idiota,
um ingénuo. Isso não é uma virtude nem merece admiração — a ignorância não
merece admiração. Agora, o ser humano que sabe que o mundo é um lugar perigoso
e hostil, onde o mal é frequente, onde a ambição, a luxúria e a crueldade são
constantes e por vezes não são só características humanas, mas regras cósmicas
— porque também o cosmos é cruel, aí estão os tsunamis, os terramotos, as
inundações —; o ser humano que compreende que é um animal perigoso e, estando
consciente disso, vive com dignidade, com decoro, com lealdade, com honra, com
compaixão para com os outros, esse é um homem bom. Para ser bom há que ser
lúcido, sem lucidez não há bondade.”