quarta-feira, 7 de abril de 2021

Todos os dias, ao cair da tarde muito tarde, ao desligar do computador e das luzes do escritório, ao fechar da janela ampla por onde, ainda há pouco, o sol desenhava sombras no papel agarrando a minha mão como quem ensina a escrever, ouço a melodia aguda e clara do canto dos pássaros que nunca antes soube ali vizinhos. Não sei se a ausência prolongada de ruído que veio com a pandemia lhes modulou o canto ou me modulou a alma. Seja o que for, deixo-me ficar ali uns minutos. Encantada. E quieta; não vá qualquer movimento meu, desastradamente, fazê-los desaparecer outra vez.