sexta-feira, 25 de junho de 2021

A minha Lua permanece a mais bela de todas as luas. Ainda há pouco, ao início da madrugada, era uma imensa gota de madrepérola, redonda, redonda, suspensa de um céu morno e sem nuvens, inundando de luz a superfície do mar. E o mar amoroso deixando-se banhar. Uma vasta tela de seda, liso, liso, quieto, excepto no limiar das sombras, onde o luar fervilhava em borbotos descompassados como cócegas. Tão brilhante, tão brilhante, o meu Céu aclarando-se tão descaradamente, que, por momentos, pensei ter esquecido uma lâmpada acesa na varanda. Mas não. Era apenas uma parte do Mundo a existir lá fora numa aguarela prateada, alheio à minha existência.