Por vezes, o silêncio é o que de mais precioso tenho para oferecer. No meu silêncio cabe todo o inexprimível. Mas não há outras vozes. Apenas aquela que consinto.
O meu silêncio é doce e denso como a muralha negra de nuvens que, há pouco, se arrastava lá fora, engolindo o mar na penumbra. É macio e macerado. É soberbo e egoísta. Embala-me, entorpece-me, permito-lhe que me encontre e me confunda. Sei que me confundo. Por um momento, sou eu o desespero e a conciliação, a luz e a sombra, a tempestade e o abrigo. Também eu tenho muros por derrubar.